Gastos com comida e lazer voltam a cair no país em setembro
Segundo pesquisa do Guia Bolso, retração foi de 6% em relação a agosto; na contramão, despesas com cuidados pessoais cresceram de um mês a outro
Os gastos dos brasileiros com bares, restaurantes e lazer caíram, em média, 6% em setembro na comparação com agosto, de acordo com levantamento do Guia Bolso, aplicativo de controle financeiro. A queda, a segunda mensal seguida, reflete a intenção dos consumidores em cortar despesas ligadas ao lazer para tentar driblar a alta dos preços. O esforço, contudo, não foi suficiente na hora das compras e de gastos com cuidados pessoais – esses itens abocanharam uma parcela maior da renda no mês passado.
Segundo o estudo, obtido com exclusividade pelo site de VEJA, em setembro 15,1% do salário médio foi gasto com bares, restaurantes e lazer – item que inclui alimentação fora de casa, happy hour com os amigos, idas ao cinema, teatro, jogos esportivos, parques e clubes, entre outros. Em agosto, esse percentual era maior, de 16,1% e, em julho, de 17,1%. A pesquisa do Guia Bolso foi feita com base em dados de 75 mil usuários, cuja renda média é de 2.084 reais.
O estudante de Letras Euzébio Júnior comprova esse cenário. Após contratar um financiamento para um imóvel, ele decidiu entrar em uma academia mais barata; cortou o tradicional restaurante japonês às quarta-feiras e estabeleceu idas ao cinema duas vezes por mês. Com a nova rotina, ele estima economizar cerca de 2.000 reais por mês, o mesmo valor referente à parcela de seu futuro imóvel. “Ainda pretendo economizar mais. Quero viajar com minha noiva no fim do ano”, conta.
Na contramão, as despesas dos brasileiros com cuidados pessoais – cabeleireiro, manicure e serviços de estética, entre outros – subiram entre agosto e setembro, passando de 3,2% para 3,5% do orçamento. Já os gastos com itens como roupas, acessórios, revistas, eletrônicos, eletrodomésticos e livros representaram 10,7% do orçamento em setembro, mesmo porcentual visto em agosto.
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Impostos – Com o setor de bares e restaurantes debilitado, o aumento de 18% para 25% do ICMS sobre cerveja, proposto pelo governo estadual de São Paulo, pode agravar ainda mais a situação do setor. Um em cada quatro estabelecimentos já fecha o mês com prejuízo, de acordo dados divulgados pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) nesta quinta-feira.
“Esse aumento de impostos pode resultar na demissão de 450 mil pessoas. Não temos mais como absorver tanto imposto e aumento de custos”, declarou, em nota, Paulo Solmucci, presidente nacional da Abrasel.
Com o aumento da alíquota do ICMS da cerveja, o preço final ao consumidor deve subir, afugentando os clientes. Diante da elevação de impostos, o preço dos produtos também cresce – e, assim, as vendas caem.