Por Altamiro Silva Júnior
São Paulo – O fundo de private equity inglês 3i anunciou hoje seu primeiro investimento no Brasil. Serão R$ 100 milhões aplicados na Blue Interactive Group, empresa provedora de serviços de TV a cabo e banda larga com foco em cidades de médio porte. O fundo comprou uma participação minoritária. O porcentual, no entanto, não foi revelado.
“É um setor com alto potencial de crescimento e onde já temos experiência internacional em investimento”, disse à Agência Estado o diretor responsável pela 3i no Brasil, Marcelo di Lorenzo. A gestora inglesa investiu na Ono, operadora espanhola de TV a cabo que começou do zero e já conta com 2 milhões de clientes e faturamento anual de US$ 1,7 bilhão. Richard Alden, que foi presidente da Ono, vai comandar o conselho da Blue.
A empresa brasileira, criada em 2008, tem 100 mil clientes e faturamento acima de R$ 100 milhões – o valor exato não é divulgado. A executiva Sílvia de Jesus, CEO da Blue, diz que a meta após o aporte do fundo inglês é dobrar o faturamento até 2013.
O foco da Blue é operar em cidades de médio porte, como Varginha (MG) e Macaé (RJ). A empresa está presente em 15 cidades de nove estados, incluindo Santa Catarina, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. “Precisávamos desse aporte para irmos para um outro nível, mudar o patamar de faturamento”, disse a executiva. A operação ainda precisa do sinal verde dos reguladores brasileiros.
Com o dinheiro do investimento, a Blue pretende usar os recursos para três negócios: aquisições de operadoras menores; expansão da rede em cidades onde já atua e entrar em novos municípios onde não há TV por assinatura.
O executivo Marcelo Lacerda, um dos fundadores da operadora, cita dados oficiais que dizem que dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros, apenas 252 têm serviços de TV a cabo. “Com o crescimento da renda e o desenvolvimento de algumas regiões, há um enorme potencial de crescimento”, disse ele.
Segunda guerra
A gestora 3i foi criada em Londres em 1945 e tem US$ 20 bilhões em ativos e US$ 2,5 bilhões em caixa, atuando em 13 países, de três continentes. Na época, o objetivo era investir em empresas inglesas abaladas pela Segunda Guerra. Desde sua fundação, a gestora já fez aportes em mais de 14 mil empresas, aplicando um total de US$ 50 bilhões.
No Brasil, Lorenzo destaca que a intenção da 3i é ter participação minoritária nas empresas, como ocorreu com a Blue. O objetivo é fazer investimentos, na média, entre R$ 55 milhões a R$ 180 milhões por projeto. Os setores escolhidos são saúde, energia, serviços financeiros, mídia, consumo, indústria, tecnologia e telefonia. Para receber investimento, a empresa deve ter faturamento anual entre R$ 80 milhões a R$ 700 milhões.
A gestora de Londres já avaliou cerca de 150 empresas no Brasil. Dessas, escolheu oito companhias para conhecer mais de perto. A expectativa é fazer cerca de cinco investimentos em empresas brasileiras nos próximos dois a três anos.