Funcionários do BB criticam promoção de filho de Mourão em rede interna
Instituição defendeu critérios de escolha para nomeação de filho de vice-presidente para assessoria da presidência do novo chefe do banco
Funcionários do Banco do Brasil usaram a agência interna de notícias para criticar a promoção de Antônio Mourão Filho para o cargo de assessor especial da presidência da instituição. Filho do vice-presidente Hamilton Mourão, ele vai passar a ganhar 36 mil reais por mês, o triplo do salário atual.
Uma funcionária ironizou a promoção na seção de comentários da agência interna. “Que bom que para isso a nova administração está usando critérios técnicos objetivos de qualificação, como ser filho do vice-presidente para assessorar o presidente do banco.”
O setor responsável pela moderação de mensagem respondeu que Antônio é funcionário de carreira do BB há dezoito anos. “A nomeação aconteceu em conformidade com o estatuto social do BB, observando critérios de competência técnica e confiança que o cargo requer.”
A resposta foi ironizada por outros funcionários. “Então vocês poderiam fazer uma matéria apresentando o filho do general. Mostrando o currículo e a ampla competência que o qualifica e como ele se destacou de forma independente e autônoma, pura meritocracia, e que isso nada tem a ver com despotismo.”
Nas redes sociais, alguns funcionários disseram que tiveram seus comentários apagados na agência interna de notícias do BB. A instituição informou que os comentários são moderados de forma a evitar textos ofensivos ou acusações sem comprovação.
Wagner Nascimento, membro da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador da comissão de funcionários do BB, diz que a nomeação de Antônio provocou críticas em vários departamentos do banco. “Todos ficaram indignados com as explicações que foram dadas”, disse.
Segundo ele, a defesa que o vice-presidente fez da nomeação se baseou em critérios equivocados. Pelo Twitter, Mourão disse que o filho ingressou por concurso no BB. “Com excelentes serviços, conduta irrepreensível e por absoluta confiança pessoal do Presidente do Banco foi escolhido por ele para sua assessoria. Em governos anteriores, honestidade e competência não eram valorizados”, disse o vice-presidente.
Antes, ele afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que a indicação ocorreu por mérito e que o filho era perseguido anteriormente.
Segundo Wagner, as promoções no Banco do Brasil são feitas a partir de seleções internas. “É preciso se candidatar aos cargos para ser promovido, coisa que não ocorreu. O banco seleciona os melhores colocados dentro de uma lista de vinte.”
Em nota, a instituição afirma que o cargo é de “livre provimento da Presidência do BB e a nomeação atende aos critérios previstos em normas internas e no estatuto do Banco”.