FT: queda de Eike Batista constrange o governo Dilma
Segundo o jornal britânico, Eike era o 'empresário de estimação' do PT

A queda do império de Eike Batista foi constrangedora para a presidente Dilma Rousseff, segundo o jornal britânico Financial Times. De acordo com o texto publicado no blog Beyondbrics, a chancela da presidente à petroleira OGX foi um episódio do qual a presidente deve se recordar e, de certa forma, “arrepender-se”. A empresa entrou com um pedido de recuperação judicial na última quarta-feira, alegando um endividamento da ordem de 11,2 bilhões de reais.
Em abril de 2012, poucos meses antes do início da derrocada do empresário, Dilma compareceu a uma plataforma de exploração da OGX, na Bacia de Campos, para celebrar o “primeiro óleo” retirado de um dos poços da companhia, que mais tarde se mostraram grande “micos”.
À época, a presidente disse palavras de estímulo ao empresário e comemorou os feitos do setor de óleo e gás no país. O principal motivo da crítica, no entanto, é o fato de Dilma ter destacado as parcerias que OGX e a Petrobras poderiam fazer com a exploração do pré-sal. “As duas empresas podem ganhar muito com essa parceria”, disse a presidente.
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Segundo o FT, Eike era, de certa forma, o ‘empresário de estimação do PT’, e o apoio que recebia do governo levanta questionamentos sobre o futuro da política econômica. A ascensão de Eike deu credibilidade às afirmações do partido de que a condução da economia era ‘pró-mercado’, ainda que os atos do governo neste sentido mostrassem o contrário. “Mas será que sua queda vai tornar o partido mais ou menos intervencionista?”, questiona a publicação.
O texto também questiona o silêncio do governo diante da queda de Eike e a insistência dos principais nomes da política econômica, como Luciano Coutinho, presidente do BNDES, e o ministro da Fazenda Guido Mantega em dizer que o fracasso de Eike nada tem a ver com a gestão petista.