Por Márcio Rodrigues
São Paulo – Os investidores em juros futuros encontraram inúmeros motivos para dar prosseguimento à devolução de prêmios vista nos últimos dias. A queda mais forte, no entanto, concentra-se novamente na parte mais longa da curva. O mercado já começou o dia sob o impacto da queda da atividade industrial na China e na Europa e do recorde de desemprego na zona do euro em maio, de 11,1%. Por aqui, o Índice Gerente de Compras (PMI) Industrial, medido por HSBC e Markit Group, bateu seu recorde de baixa em oito meses em junho. O dado apenas reforça a visão dos analistas ouvidos pela Focus de que o Brasil crescerá pouco em 2012. Por fim, o recuo do dólar para abaixo do patamar de R$ 2 diminui um pouco da eventual pressão que o câmbio poderia trazer para os preços.
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (apenas 65.425 contratos) estava em 7,61%, de 7,63% no ajuste. O DI janeiro de 2014 (177.710 contratos) indicava 7,84%, de 7,89% na sexta-feira. Entre os longos, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2017 (97.730 contratos) cedia para 9,24%, de 9,33%, enquanto a taxa do janeiro de 2021 (10.880 contratos) recuava para 9,92%, de 10,02% no ajuste.
O esfriamento da atividade foi visto em todo o mundo. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) da China recuou para 48,2 em junho, ante 48,4 em maio. Alemanha, França, Itália e Espanha também mostraram contração da atividade industrial, o que ajuda a explicar o recorde de desemprego na zona do euro. Para piorar, o PMI da atividade industrial dos Estados Unidos caiu para 52,5 em junho, de 54,0 de maio, marcando a expansão mais fraca em 18 meses.
Por aqui, o PMI atingiu em junho 48,5 pontos, ante 49,3 pontos registrados em maio. Em meio a isso, os analistas seguem cortando suas projeções para o crescimento do País em 2012. Segundo o levantamento Focus, as estimativas para o PIB cederam de 2,18% para 2,05%. Importante destacar que essa redução veio acompanhada de novo recuo, ainda que discreto, das expectativas para o IPCA em 2012, de 4,95% para 4,93%.
No âmbito dos preços, o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) encerrou o mês de junho em 0,11%, ante 0,52% em maio, e abaixo da taxa registrada na terceira quadrissemana de junho, de 0,16%, segundo informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A taxa ficou em linha com a mediana das estimativas encontrada pelo AE Projeções.
Ainda que tenha ficado em segundo plano, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que a confiança do consumidor brasileiro caiu 1,7% em junho na comparação com o mês anterior, de 114,6 para 112,6. O dado contribui para confirmar a visão de grande parte dos analistas de que redução dos juros e o estímulo ao consumo promovidos pelo governo não surtirão o mesmo efeito de antes.