Por Daniel Flynn e Julien Toyer
BRUXELAS (Reuters) – A França fazia lobby no domingo para superar a oposição alemã ao plano de dar ao Banco Central Europeu um papel chave no impulso a ser dado ao plano de resgate europeu, argumentando que essa é a única maneira de resolver de forma definitiva os problemas de dívida.
Tendo estabelecido a quarta-feira como data limite para um acordo abrangente para resolver a crise, os líderes da União Europeia tentavam no domingo acertar formas de impulsionar o plano de resgate de 440 bilhões de euros de forma que ele possa oferecer apoio aos bancos subcapitalizados e evitar que a crise arraste países como Itália e Espanha.
Paris –com o apoio de maioria dos 17 países da zona do euro, incluindo Itália e Espanha– argumenta que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF na sigla em inglês) deve receber licença para atuar como banco, permitindo que o fundo alavanque sua capacidade de oferecer empréstimos por meio da obtenção de créditos quase ilimitados da janela de financiamento do BCE.
A Alemanha, ferozmente protetora da independência do BCE, que tem base em Frankfurt, argumenta que usar a instituição para alavancar o EFSF violaria seu mandato. A divergência gerou uma desavença pública pouco usual para os dois países que normalmente lideram o curso do bloco. O BCE também se opõe à ideia.
A Finlândia e a Holanda –que têm se revelado forte opositoras dos resgates europeus de custos crescentes– se aliaram à Alemanha. Mas uma série de países membros preocupados com o destino da zona do euro, estão do lado da França.
“A França não está cedendo, e insiste em sua ideia. Sua posição não mudou”, afirmou um diplomata europeu de um país favorável à posição francesa no domingo.
O líder do Eurogroup e primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, reconheceu que o impasse diplomático em torno da crise é ruim para a Europa: “A impressão externa é desastrosa.”
Em um esforço para superar a questão, autoridades da Alemanha disseram que apenas duas opções para turbinar o EFSF permaneciam na mesa antes do limite de quarta-feira.
A primeira envolve usar o fundo para garantir uma parcela das perdas potenciais de bônus europeus, permitindo dar um reforço à confiança do investidor e maximizar o uso dos recursos. A segunda é impulsionar seu poder de fogo via um instrumento de propósito especial, capitalizado por doadores como China e Brasil.
A perspectiva de permitir que países estrangeiros decidam o destino da Europa alarmou a Comissão Europeia, e parece pouco provável que essa proposta avance, até por conta das suas implicações para a soberania europeia.