FMI confirma novo critério de revisão da cesta de moedas
Expectativa é de que moedas de países como o Brasil e a China sejam incluídas
A cesta do SDR tem a sua composição revisada a cada cinco anos
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta sexta-feira que poderá adotar um novo critério para a revisão da cesta que compõe os Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês). A expectativa é de que, com a adoção de novos critérios, moedas de países como o Brasil e a China sejam incluídas na cesta.
Em nota oficial, o FMI disse que a divulgação de novos requisitos para incluir moedas na cesta do SDR, ou a cesta de moedas do Fundo, foi em resposta a uma demanda feita pelo G-20. Embora não tenha se comprometido a fixar o novo número de moedas para a cesta, hoje limitada ao dólar americano, iene, libra esterlina e euro, o FMI admitiu que uma revisão da cesta poderá acontecer no curto prazo. Teoricamente, a próxima revisão aconteceria apenas em 2015.
Na nota, preparada pelos técnicos dos departamentos de Finanças e Estratégia, de Políticas e de Revisão, o FMI discute a adoção de um critério alternativo ao de moeda “livremente utilizável”, o qual vem norteando os parâmetros para a composição da cesta desde 2000 e que limitou a cesta do SDR à apenas as moedas dos Estados Unidos, Japão, Reino Unido e da zona do euro. Por esse critério, baseado nas variáveis de “amplamente utilizada” e de “amplamente negociada”, as moedas de emergentes acabaram excluídas da cesta. Outro ponto de corte usado como critério desde 2000, embora não tão determinante como o de moeda “livremente utilizável”, é o tamanho das exportações dos países.
Com a crescente participação dos países emergentes na economia mundial, é cada vez maior a pressão do G-20, encabeçada por países emergentes como o Brasil e a China, para que o SDR reflita também o valor de suas moedas. Em contrapartida, a resistência de países desenvolvidos na ampliação da cesta deve-se ao fato que ao incluir outras moedas, o peso do dólar americano e das outras três moedas de referência obrigatoriamente vai diminuir. A questão é quem vai perder espaço na cesta de moedas do FMI.
A partir de agora, o FMI admite adotar também como requisito para a composição da cesta um critério atrelado ao que os técnicos do Fundo chamam de “características de ativo de reserva” do SDR, o que, na prática, é uma forma de contornar o grande obstáculo às moedas, como o real brasileiro e o renminbi (ou yuan) chinês, que é a falta de completa conversibilidade delas.
Esse novo critério de ativo de reserva do SDR seria fundamentado, segundo o documento do FMI, em três fatores: liquidez de determinada moeda nos mercados de câmbio, capacidade de os investidores fazerem “hedge” na moeda – ou protegerem-se das oscilações da taxa de câmbio via instrumentos de derivativos -, e disponibilidade de instrumentos apropriados de taxa de juros. Os técnicos do FMI propõem alguns indicadores para avaliar se tais características já foram alcançadas, entre eles a composição das moedas nas reservas internacionais e o volume negociado nos mercados à vista e de derivativos.”O cumprimento do possível novo critério, embora desafiador, poderá ser atingido por algumas moedas num curto período de tempo”, acrescentou a nota do FMI.
A cesta do SDR tem a sua composição revisada a cada cinco anos. A última revisão, que aconteceu em novembro do ano passado, manteve a composição da cesta com as quatro moedas, apenas alterando o peso das mesmas. O dólar americano teve seu peso reduzido de 44% para 41,9%, enquanto que a participação do euro subiu de 34% para 37,4%, a da libra esterlina passou de 11% para 11,3% e a do iene caiu de 11% para 9,4%.
O documento do FMI também afirma que a questão de se “uma nova moeda poderá substituir outra ou ser acrescentada à cesta de moedas atual de SDR será avaliada caso a caso”. Pelos critérios adotados em 2000, para uma moeda entrar na cesta de SDR, ela teria de substituir outra que já faz parte da cesta, em vez de simplesmente ser acrescentada, o que manteria o número da cesta em apenas quatro. “A decisão para ampliar a cesta sugere a necessidade de rever a regra de quatro moedas”, disse a nota. “Não está claro a priori que exista um número ótimo para o tamanho da cesta, embora decisões passadas (redução em número da cesta de 16 para 5 em 1980 e de 5 para 4 em 1999) aponta para o desejo de se manter a cesta de SDR relativamente pequena para evitar adicionar custos e complexidade desnecessários para os usuários de SDR”. Conforme o documento do FMI,outra alternativa no processo de revisão “seria decidir antecipadamente que o tamanho da cesta não seria maior do que, talvez cinco ou seis moedas”.
O SDR é o ativo de reserva internacional emitido pelo FMI criado em 1969 para suplementar as reservas oficiais dos países membros. Na prática, o SDR é a moeda do FMI.
(Com Agência Estado)