Por Silvana Rocha
São Paulo – O feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos hoje reduziu a liquidez no mercado de câmbio doméstico e isso favoreceu a persistência de forte volatilidade do dólar na sessão, diante do cenário externo nebuloso. A moeda americana oscilou entre alta e queda na primeira parte dos negócios, porém, engatou o sinal positivo à tarde, quando atingiu a máxima de R$ 1,9030 (+2,15%) na meia hora final de operações no balcão. O dólar à vista fechou com ganho de 1,34%, a R$ 1,8880 no balcão, e de 2,09%, a R$ 1,8939 na BM&F. No mês, o dólar balcão acumula alta de 11,45% e, no ano, de 13,46%
“A disparada do dólar no final da sessão teria sido consequência de uma ação articulada de um grande banco local, que aparentemente reforçou posições em dólar e juros e reduziu em Bolsa, exacerbando os movimentos dos ativos”, disse o gerente da mesa de derivativos de uma corretora. O pano de fundo desse movimento, segundo ele, foi a perspectiva de piora da crise europeia e mundial reforçada pelas declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, após o término da reunião de líderes da França, Itália e Alemanha. Merkel afirmou não ver nenhuma razão para os eurobônus, classificou o processo da crise como difícil e admitiu que a confiança foi perdida, ainda que os líderes europeus confiem uns nos outros.
Do lado interno, convém lembrar também que os bancos estão comprados em dólar à vista (a posição até 18/11 era comprada em US$ 3,386 bilhões) e, com a proximidade do fim do mês, há interesse na antecipação da subida do dólar a fim de fortalecer a Ptax do dia 30. Isso porque quanto mais alta ficar a taxa média do dólar no último dia útil de novembro, maior será o ganho dos agentes financeiros que apostaram no avanço da moeda, disse o operador José Carlos Amado, da Renascença Corretora. Com o dólar novamente rondando R$ 1,90 e a piora externa, ressurgem expectativas de anúncio de leilão de swap cambial e a possibilidade de o BC isentar o investimento estrangeiro da cobrança de IOF na renda variável, destacou Amado.