Fed e o temor do mercado na elevação dos juros acima do previsto
Sinalizações eram de quatro aumentos de 0,25%, mas já está no radar uma possível elevação de 0,50%; decisão será anunciada nesta quarta, 26
Após atingirem recordes no último ano embaladas pela baixa taxa de juros e pelos estímulos econômicos que injetaram trilhões na economia americana, as principais bolsas de Wall Street estão vivendo o seu pior momento com as sinalizações do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, de elevar a taxa básica de juros a um nível maior e mais acelerado do que o esperado. A previsão do primeiro aumento é para março, mesmo mês em que se encerra o processo de tapering – retirada dos estímulos econômicos.
O que preocupa os investidores é o ritmo desse aumento e a adoção de uma postura mais contracionista para segurar a inflação de 7%, a maior para o país em quatro décadas e bem distante da meta de 2%. A decisão do Fed dará importantes sinalizações das próximas movimentações do banco, por isso, o mercado aguarda ansioso pela decisão que será anunciada na tarde desta terça-feira, 26. “Com a decisão de hoje, o mercado busca algumas pistas de como vai ser esse processo”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
O mercado já precifica quatro altas na taxa básica de juros até o final do ano, saindo do patamar de 0% para 1%, levando em conta uma elevação de 0,25%. Mas já começa a repercutir uma possível elevação de 0,50%, gerando estresse nos principais índices das bolsas americanas. Os principais e mais importantes economistas acreditam que a taxa de juros no país se eleve gradualmente, atingindo 2,25% ao final de 2024, segundo uma pesquisa realizada pela Bloomberg, entre 14 e 19 de janeiro deste ano. Segundo Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, as probabilidades implícitas na curva de juros estão apontando para um comunicado mais duro. “Na virada do ano, o comunicado do Fed falava em três altas para 2022, agora fala-se em quatro”, diz.
Na terça-feira, 25, o Nasdaq caiu 2,3%, o S&P recuou 1,2%, e Dow registrou perda de 0,2%. Isso porque especialistas e economistas apontam que a adoção de uma política muito contracionista pode afetar a curva de juros futuro dos títulos do Tesouro americano, podendo colocar o país em recessão. Hoje, o principal fator inflacionário dos Estados Unidos pode estar relacionado a problemas de oferta, mas uma postura mais contracionista pode gerar problemas de demanda com o desaquecimento forçado da economia. “O mercado está bastante receoso com isso e não faz sentido acelerar essa curva”, diz Flávio Aragão, sócio da 051 Capital.