Fed faz pausa na elevação de juros, mas alerta para novos aumentos
Banco central norte-americano mantém o referencial em uma faixa de 5% a 5,25%

O banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), decidiu interromper – pelo menos nessa reunião – o ciclo de aumento dos juros, mantendo o referencial em uma faixa de 5% a 5,25%. Apesar da pausa, o Fed anunciou que é provável que haja mais dois aumentos de juros este ano.
Essa medida vem como uma tentativa de avaliar os efeitos dos 10 aumentos anteriores, enquanto a instituição busca maneiras de combater a crise inflacionária. Ainda que a inflação anual esteja registrando 4%, o dobro do objetivo do Fed, ela vem desacelerando e atingiu o menor patamar desde março de 2021, especialmente na categoria de habitação, o que deu segurança para o Fed fazer essa trégua no aperto monetário.
Os mercados anteciparam amplamente o movimento do Fed em razão de comentários de autoridades proeminentes, como o próprio presidente do banco, Jerome Powell, e o vice-presidente, Philip Jefferson. “Manter a meta estável nesta reunião permite que o comitê avalie informações adicionais e suas implicações para a política monetária”, diz o Fed em comunicado. O comitê explica que está avaliando o nível necessário de endurecimento da política monetária para trazer a convergência de volta a 2%, considerando fatores como o impacto cumulativo de tais políticas e os atrasos na forma como alcançaram a economia. Essa posição já era esperada, dado que o Fed já vinha mostrando preocupação com o efeito tardio dos juros na economia e o impacto do crédito bancário.
Apesar da decisão, o Fed ressaltou que está “preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surgissem riscos que pudessem impedir o alcance de suas metas”. As avaliações do comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais.
“Novas projeções mostram que os membros do comitê são a favor de um aumento de meio ponto adicional este ano, o que elevaria os custos dos empréstimos para cerca de 5,6%, mais do que a maioria dos economistas e investidores esperava”, avalia Gustavo Zuquim, gestor de portfólios do Andbank em Miami. Segundo o gestor, o banco está otimista com a economia dos EUA, que tem se expandido em um ritmo modesto, com ganhos sólidos de empregos e uma taxa de desemprego baixa. No entanto, a inflação continua sendo um ponto de preocupação, sendo descrita como “elevada” pelo Fed. “Isso indica que o banco central está monitorando de perto os níveis de tolerância e, por isso, há indicativos favoráveis para novos aumentos nas próximas reuniões.”