Por Svetlana Kovalyova
MILÃO, 12 Mar (Reuters) – Os preços globais dos alimentos devem cair este ano, ficando menos voláteis, após fortes aumentos em 2011, devido à melhor oferta de grãos, o que deve ajudar a aliviar os temores de inflação, disse uma autoridade sênior da agência para alimentos das Nações Unidas (FAO) nesta segunda-feira.
Porém os preços dos principais alimentos e commodities agrícolas devem subir nos próximos dez anos, afirmou Abdolreza Abbassian, analista sênior da Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), em evento de Alimentos e Agricultura da Reuters.
“Nós esperamos que os preços dos alimentos em 2012 fiquem em uma média, talvez levemente abaixo da de 2011. Nós também esperamos uma menor volatilidade este ano, comparada com o ano passado, por conta dos melhores estoques”, disse Abbassian, em entrevista.
Os preços globais dos alimentos medidos pela FAO atingiram máxima recorde em fevereiro de 2011, ajudando a estimular conflitos em alguns países.
A média dos preços de 2011 atingiu nível máximo desde que a agência começou a medir os preços internacionais dos alimentos, em 1990.
Os preços globais subiram 1 por cento em fevereiro, aumentando pelo segundo mês consecutivo e ampliando as preocupações com inflação, disse a FAO na última quinta-feira.
Mas as cotações ainda ficaram cerca de 10 por cento abaixo da máxima atingida em fevereiro de 2011.
Abbassian disse nesta segunda-feira que a recente recuperação não significaria uma alta dos preços observada há um ano.
“O que distingue este ano do ano anterior é que nós temos melhores estoques para certas safras”, disse Abbassian.
A FAO, baseada em Roma, elevou sua estimativa para os estoques globais de grãos ao final da temporada de 2012, para 518 milhões de toneladas, ante a previsão anterior de 516 milhões de toneladas, uma vez que a produção recorde de cereais no ano passado ajudou a restabelecer os estoques.
O clima nos principais países produtores será um dos principais condutores das commodities agrícolas nos próximos meses, enquanto safras passam por plantio e colheita, com o milho e a soja vistos com suporte por conta do tempo desfavorável na América do Sul, disse Abbassian.
Já os preços do açúcar, ao contrário, devem sofrer pressão descendente até o meio deste ano, graças às fortes exportações da Tailândia e da Rússia, disse ele.
O Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) espera que os preços agrícolas globais recuem fortemente este ano, enquanto produtores ao redor do mundo ampliam sua produção, trazendo de volta a estabilidade aos mercados de commodities e aliviando temores sobre inflação dos alimentos.
(Reportagem de Svetlana Kovalyova)
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