Por Matthias Sobolewski
BERLIM, 23 Mai (Reuters) – Uma empresa de consultoria encarregada de avaliar a estrutura do novo instrumento permanente de resgate financeiro da zona do euro concluiu que o órgão provavelmente não terá pessoal suficiente para funcionar de forma adequada, segundo um documento obtido pela Reuters.
Em carta de 12 de maio enviada a Klaus Regling, diretor do fundo temporário de resgate financeiro do bloco, os consultores da firma A.T. Kearney alertaram que a equipe de 75 funcionários autorizados a compor o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês) pode ser “pequena demais” se a crise da dívida se prolongar por vários anos.
O ESM começa a funcionar em menos de seis semanas, num momento em que a exclusão da Grécia da zona do euro parece cada vez mais iminente, o que poderia causar um contágio para outras economias que usam a moeda comum. Por isso, o novo mecanismo talvez tenha de entrar em ação de forma imediata.
“Com 75 pessoas, a equipe irá gerir um balanço que é potencialmente 50 por cento maior do que os maiores Fundos Soberanos (Noruega e Abu Dhabi), mas com uma fração do pessoal empregado”, diz a carta.
“Igualmente, seu tamanho é praticamente o dobro do APG Group, maior fundo europeu de pensões, que tem cerca de 700 pessoas só nas operações financeiras.”
A A.T. Kearney observa que, ao contrário desses fundos, o ESM terá pouca ou nenhuma liberdade para escolher a maioria dos seus ativos, pois eles dependerão de quais países da zona do euro precisarão de assistência. Por isso, dizem os consultores, pode-se argumentar que o sistema funcionará bem com um número pequeno de funcionários altamente qualificados.
No entanto, ressalta a carta, “como operadores do mercado, também observamos que o atual tamanho da equipe, conforme aprovado, pode ser pequeno demais para operar de forma efetiva caso a atual crise continue por vários anos”.
A consultoria disse na carta a Regling que tem colaborado para a criação do ESE desde dezembro de 2011. O novo mecanismo, que entra em vigor em 1o de julho, irá arrecadar fundos e conceder empréstimos a países da zona do euro que enfrentem crises financeiras, e também poderá adquirir títulos de membros abalados da união monetária. Sua capacidade de crédito deve chegar dentro de alguns anos a 500 bilhões de euros.