Por Gustavo Nicoletta
Nova York – Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em baixa, pressionados pelos sinais de falta de acordo na União Europeia a respeito das medidas necessárias para conter a crise que atinge a região. A notícia de que o Federal Reserve estaria prestes a adotar requerimentos de capital mais rígidos para os bancos também pesou sobre as bolsas e particularmente sobre os papéis do setor financeiro.
O Dow Jones caiu 100,13 pontos, ou 0,84%, para 11.766,26 pontos. O Nasdaq perdeu 32,19 pontos, ou 1,26% e fechou a 2.523,14 pontos. O S&P 500 teve declínio de 14,31 pontos, ou 1,17%, para 1.205,35 pontos.
Entre os destaques da sessão, as ações do Bank of America fecharam em queda de 4,04% e abaixo de US$ 5 pela primeira vez desde março de 2009 depois de o Wall Street Journal afirmar, citando fontes, que o Federal Reserve passará a exigir reservas de capital maiores dos principais bancos dos EUA, algo que vinha sendo amplamente combatido por essas instituições. Também recuaram JPMorgan (-3,73%), Morgan Stanley (-5,47%) e Citigroup (-4,65%).
O volume de negócios foi baixo, visto que muitos operadores já fecharam seus livros de 2011. Cerca de 3,3 bilhões de ações trocaram de mãos hoje na New York Stock Exchange (NYSE), ante a média diária de 4,3 bilhões.
Hoje, ministros de Finanças da zona do euro e de outros países europeus participaram de uma teleconferência que tinha como objetivo decidir quanto dinheiro o bloco poderia emprestar ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que então repassaria os recursos para os países da Europa que enfrentassem dificuldades.
No fim da reunião, ficou decidido que os países da zona do euro emprestarão 150 bilhões de euros ao FMI. Fora do bloco monetário, a República Checa, a Polônia e a Suécia também demonstraram disposição para contribuir, mas o Reino Unido preferiu esperar até o ano que vem para discutir o assunto junto com o G-20.
Os países do bloco monetário esperavam que os britânicos contribuíssem com cerca de 30 bilhões de euros, o que deixaria o volume de recursos direcionados ao FMI perto da marca de 200 bilhões de euros sugerida pelos líderes da União Europeia durante a reunião de cúpula ocorrida no início deste mês.
Os ministros também mantiveram em 500 bilhões de euros o limite à capacidade conjunta de empréstimos da Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, em inglês) e do Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM) – fundo de ajuda financeira que deve ser introduzido somente no ano que vem -, de acordo com uma autoridade da União Europeia que não quis ser identificada.
“Não houve acordo para aumentar além de 500 bilhões de euros o limite conjunto de recursos da EFSF e do ESM”, disse ela logo após o fim da teleconferência. Havia expectativa de que os dois fundos poderiam funcionar simultaneamente em 2012 e que o limite de 500 bilhões de euros seria aplicado apenas ao ESM, o que permitiria mais independência à EFSF. “Os dois fundos podem funcionar juntos, mas o teto não será elevado”, acrescentou.
“Os mercados perderam confiança nas autoridades. Elas precisam fazer alguma coisa grande para recuperá-la”, disse Brian Jacobsen, estrategista-chefe de portfólio do Wells Fargo Funds Management. Para Ryan Larson, chefe de negócios com ações dos EUA no RBC Global Asset Management, “a fraqueza pode ser atribuída às manchetes sobre o fracasso na tentativa de aumentar o limite (do ESM e da EFSF), mas as notícias hoje foram muito negativas, de forma geral”. As informações são da Dow Jones. (