Atenas, 10 mar (EFE).- O ‘evento creditício’, que na prática se mostrou o não pagamento da dívida, declarado pela Associação Internacional de Permutas e Derivados (ISDA) na reestruturação da dívida da Grécia, não despertou surpresas no país, informa neste sábado a imprensa local.
‘Tudo ocorreu muito suavemente, como se esperava, sem surpresas’, diz uma fonte financeira citada pelo portal de notícias ‘In.gr’, que destaca as datas escolhidas para decretar a falta de pagamento, viabilizada pela aplicação das chamadas Cláusulas de Ação Coletiva (CAC) – mecanismo que força todos os credores da dívida grega a aceitarem uma redução do valor dos bônus de Atenas.
O governo grego, embora já tivesse avisado que aplicaria as CAC, não as oficializou até a última hora da tarde (local) desta sexta-feira e as introduziu no ‘Diário Oficial’ do país quando os mercados europeus já haviam fechado.
A ISDA não pôde declarar formalmente a falta de pagamento até que as CAC houvessem sido oficializadas.
A lei obrigará os credores de dívida sob soberania grega que se negaram a entrar no plano de perdão a participar dela contra sua vontade. São poucos os reticentes, já que os credores de 85,8% da dívida decidiram aderir ao plano de forma voluntária.
De acordo com a declaração da ISDA, estes credores obrigados a participar poderão cobrar os seguros de falta de pagamento creditício (CDS) com os quais protegeram seus investimentos, mas, devido a seu reduzido número, a quantia não será muito grande.
No total, os CDS com que estão protegidos os títulos gregos somam cerca de US$ 3,2 bilhões, dos quais serão pagos entre 75% e 80% (o equivalente às perdas que sofrerão estes investidores), de acordo com os cálculos da publicação econômica grega ‘Capital’.
Outro fato importante que contribui para a ausência de surpresas é que os novos bônus depreciados – que substituirão os atuais títulos gregos – serão governados pela lei inglesa.
‘Isto limitará a capacidade da Grécia de proceder a novas reestruturações de dívida no futuro’, explicou Konstantinos Mariolis, analista da ‘Capital’.
Com a conclusão do processo do perdão – a troca ocorrerá no próximo dia 12 -, Atenas conta agora os dias para receber o novo empréstimo internacional, um tema que será tratado entre os ministros de Finanças da zona do euro na reunião do Eurogrupo de segunda-feira e na do Ecofin de terça-feira. EFE