A União Europeia alcançou nesta terça-feira um acordo de princípio para proibir os instrumentos financeiros especulativos chamados “CDS a descoberto”, que são utilizados nos mercados para apostar pelo default de um país e acusados de ampliar a atual crise da dívida.
O acordo de princípio foi concluído entre o Parlamento europeu e os representantes dos governos da UE, após longas negociações, disse um porta-voz da presidência da UE.
Os CDS (credit default swaps) soberanos são produtos que atuam como seguros em caso de calote de um país emissor de dívida.
Os CDS soberanos a descoberto têm a particularidade de que podem ser negociados sem que os tomadores tenham a dívida assegurada, o que significa que se beneficiam do seguro, mas sem o risco.
O preço dos CDS a descoberto tendem a subir quando o mercado especula com o risco de que o Estado em questão suspenda os pagamentos.
O comissário europeu de Serviços Financeiros, Michel Barnier, saudou “o acordo ambicioso que marca o fortalecimento da estabilidade financeira”, obtido poucos dias antes da cúpula europeia de 23 de outubro.
A crise grega revelou o descontrole do sistema financeiro devido ao abuso de mecanismos complexos, que proporcionam lucros extraordinários a um reduzido número de especuladores.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, insistiam com o líderes da UE sobre a necessidade de se restringir este tipo de operação, que pode agravar a crise da dívida.
“O Parlamento conseguiu acabar com a especulação sobre a dívida soberana europeia”, disse o europarlamentar Pascal Canfin.
A “proibição dos CDS a descoberto é uma grande vitória”, estimou o legislador francês, que liderou o combate ao instrumento especulativo.