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Euro vive o décimo aniversário em angústia

Por Por Yann Ollivier
1 jan 2012, 12h48

A moeda europeia celebra o décimo aniversário com muita discrição, o que não deixa de revelar a crise profunda pela qual atravessa, muito diferente da euforia que tomou conta das pessoas no dia 31 de dezembro de 2001, quando foi lançada, com 14,9 bilhões de notas e 52 bilhões de moedas, introduzidas de um dia para outro, em 12 países.

De qualquer forma, será emitida uma moeda comemorativa, a partir de segunda-feira nos 17 países que integram, hoje, a Zona do Euro.

Em Frankfurt, o Banco Central Europeu divulgou em seu portal na internet um breve vídeo para recordar os benefícios do euro que, “durante a década pasada, foi símbolo de integração e cooperação”, segundo o presidente do BCE, Mario Draghi.

“Apesar dos desafios que a Europa e o mundo enfrentam atualmente, os cidadãos europeus podem estar certos de que o BCE continuará fiel a sua atribuição de manter a estabilidade dos preços”, prometeu Draghi.

Atualmente, a Zona do Euro abrange 332 milhões de pessoas em 17 países.

O site da Comissão Europeia ainda destacaos pontos positivos da moeda única: “preços estáveis para os consumidores, mais segurança e oportunidades para as empresas e os mercados”, e, inclusive, “um sinal tangível de uma identidade europeia”.

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Mas com a crise da dívida, que detonou na Grécia em 2010 e depois se espalhou para toda a região, os velhos ressentimentos foram retomados e os céticos, no início considerados desmancha-prazeres, ganham cada vez mais adeptos, enquanto crescem vertiginosamente as diferenças entre os países do Norte e do Sul da Europa.

Apesar das vantagens para viajar, “os consumidores nunca estiveram muito felizes (com o Euro) e sempre mantiveram a percepção inicial de que equivalia a um aumento dos preços”, constatou André Sapir, economista de Bruegel, um centro de reflexão baseado em Bruxelas.

Já a identidade europeia saiu fortemente atingida pela crise da dívida, com os alemães criticando o “relaxamento” dos gregos ou dos italianos, e os franceses avivando velhos sentimentos de germanofobia.

As empresas foram as primeiras a destacar os benefícios do euro, sobretudo na Alemanha. A poderosa indústria automotiva economiza entre 300 e 500 milhões nos gastos de transações devido à entrada em vigor da moeda única, segundo Jurgen Pieper, analista do banco alemão Metzler.

Agora, no entanto, a dívida de 12 dos 17 países do euro encareceu e, além dos casos extremos de Grécia e Itália, a situação afeta seriamente a Espanha, país que também está pagando a taxa de juros mais alta para bônus a dez anos desde que o euro foi adotado.

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A falta de uma integração fiscal e a falta de supervisão bancária desencadeiam grandes desequilíbrios financeiros.

Até o momento, ninguém considera seriamente um retorno às velhas moedas europeias, embora apareçam os nostálgicos, principalmente alemães, que lembram orgulhosos o marco, emblema do milagre econômico do pós-guerra.

Um fim do euro seria uma catástrofe para os bancos europeus, e faria com que, por sua vez, a inflação e o desemprego disparassem, advertem os economistas. No caso de um país como a Grécia, sua própria moeda, neste caso o dracma, registraria imediatamente uma forte desvalorização. E os detentores da dívida grega sofreriam grandes perdas. O mesmo ocorreria em cada país que abandonar o euro.

O “fim do euro seria o fim da Europa”, advertiu o presidente francês, Nicolas Sarkozy.

O presidente do Banco Central alemão, Jens Weidmann, recentemente ironizou os rumores de que estavam sendo impressas notas da velha moeda: “Não há plano B, não há impressoras nos porões do Bundesbank”.

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