Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

EUA garantem para si duas das quatro vacinas em estágio mais avançado

País investe US$ 2 bi para a compra de 100 milhões de doses da Pfizer; Trump também fez aportes bilionários em J&J, Moderna e AstraZeneca

Por Felipe Mendes Atualizado em 22 jul 2020, 16h34 - Publicado em 22 jul 2020, 11h56

O filme Contágio, de Steven Soderbergh, apresenta um mundo tomado por um vírus desconhecido, altamente mutável e letal. Oriundo de morcegos e porcos residentes no sudeste asiático, o patógeno começa a ser transmitido entre seres humanos de diversas partes do planeta. Depois de enfrentar uma pandemia que deixa milhões de mortos e aflora a desinformação e a desigualdade social no mundo, cientistas encontram a fórmula de uma vacina para a enfermidade e o cenário pós-apocalíptico dá lugar à esperança. O longa-metragem ficcional de 2011 traz um bom presságio do que vivenciaríamos em 2020 devido ao novo coronavírus, tendo a imunização como grande esperança.

Com algumas das vacinas já em fases finais de testes, os Estados Unidos, nação mais afetada pela Covid-19, já se organizam para garantir que sejam o primeiro a contar com a imunização, e utilizam a prerrogativa de maior economia do mundo para investir pesado. Tanto que o país anunciou, na manhã desta quarta-feira 22, um acordo avaliado em 1,95 bilhões de dólares com a farmacêutica Pfizer. O valor seria para a compra de 100 milhões de doses da vacina, que é desenvolvida em parceria com o laboratório alemão BioNTech. O volume comprado pelos EUA é toda a capacidade de produção inicial anunciada pela farmacêutica, caso os dois imunizadores que estão em estágio avançado sejam liberados pelas autoridades. Ou seja, a vacina chegará primeiro aos americanos.

ASSINE VEJA

Crise da desigualdade social: a busca pelo equilíbrio Leia nesta edição: Como a pandemia ampliou o abismo entre ricos e pobres no Brasil. E mais: entrevista exclusiva com Pazuello, ministro interino da Saúde ()
Clique e Assine

Tão logo o coronavírus foi diagnosticado e seu conhecimento se tornou público pelo governo chinês, diversos órgãos governamentais e laboratórios farmacêuticos mundo afora se empenharam numa corrida para o desenvolvimento de uma vacina para o patógeno. Donald Trump, presidente dos EUA, não poupou esforços e reservas para que as companhias apoiadas pelo país largassem na frente. O acordo com a Pfizer não é o primeiro, mas mostra o empenho dos Estados Unidos em ter a vacina antes de todos. Em maio, o governo americano anunciou que iria investir até 1,2 bilhão de dólares na AstraZeneca para que fosse descoberta uma solução para o vírus. Hoje, o laboratório britânico é um dos que estão mais avançados na busca pelo imunizador, que está sendo desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford. O volume de recursos também passa por aportes nas companhias americanas Moderna (483 milhões de dólares) e Johnson&Johnson (500 milhões de dólares). Mais recentemente, Trump anunciou um investimento avaliado em 1,6 bilhão de dólares no projeto do laboratório de biotecnologia Novavax. Todos os acordos envolvem a predileção da nação americana no recebimento da vacina.

Continua após a publicidade

No caso da nova empreitada, o acordo assinado com a Pfizer prevê a ampliação para até 600 milhões de doses da vacina. Dois imunizadores produzidos pela farmacêutica americana e pelo laboratório alemão encontram-se na fase de testagem em massa, a última antes da distribuição para o público geral. Com esses aportes, Trump garante que o país, onde quase 4 milhões de pessoas foram infectadas e mais de 100 mil morreram, seja priorizado na corrida da imunização. Acontece que a pandemia, como o nome próprio indica, é um problema global. A monopolização dos Estados Unidos nesse processo pode fazer com que outras nações prejudicadas, como o próprio Brasil, demorem mais a imunizar seus povos, o que levaria inevitavelmente a um sem-número de novas mortes em todo o planeta.

Impasse

Em maio, uma reunião de 45 minutos a portas fechadas entre representantes do governo francês e integrantes da Sanofi, principal laboratório farmacêutico do país europeu, não terminou nada bem. A Sanofi foi uma das empresas que receberam uma quantia, ainda que considerada pequena, de cerca de 30 milhões de dólares por parte do governo americano para acelerar a busca por um imunizador para o novo coronavírus. Em troca, os EUA teriam prioridade no produto.

O presidente da França, Emmanuel Macron, rechaçou imediatamente essa possibilidade. Disse, na ocasião, que uma vacina seria um bem público e “não pode ser sujeita a forças de mercado”. A Sanofi se viu obrigada então a se afastar do governo americano. Para as companhias, quem ganhar a ‘corrida pela vacina’ deve não apenas receber o ônus de ter encontrado a cura para a maior epidemia que o mundo enfrenta desde a gripe espanhola, mas lucrar muito. Analistas americanos estimam que, caso a vacina da Pfizer se mostre proficiente, o laboratório deve faturar mais de 15 bilhões de dólares no acordo com o governo dos EUA. Ao que tudo indica, a ciência está muito próxima do “final feliz”, mas alguns terão de esperar um tanto mais para poder comemorar.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.