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Empresas fazem recrutamento às cegas para promover diversidade

Modelo criado na Europa ganha corpo no Brasil para acabar com seleção padronizada e evitar contratação baseada em nome da faculdade ou idade

Por Patrícia Basilio Atualizado em 5 ago 2018, 12h45 - Publicado em 5 ago 2018, 09h21

Algumas empresas estão omitindo dados pessoais do currículo dos candidatos a uma vaga de emprego nas etapas iniciais do processo de seleção. Informações como formação, experiência, idade e sexo não são informados. Esse sistema acontece no chamado recrutamento às cegas, modelo criado na Europa que se caracteriza pela valorização do comportamento humano.

A Votorantim Cimentos vai realizar neste ano pela primeira vez a seleção de 10 trainees às cegas. O processo será realizado em parceria com uma empresa de recrutamento, que vai enviar à companhia cadastros sem o nome da universidade, o curso e a idade dos candidatos.

Os jovens profissionais, no entanto, deverão responder um questionário de conhecimentos gerais e cultura. “Percebemos que estávamos valorizando muito a faculdade dos candidatos e, com isso, padronizando os finalistas. Este novo modelo é disruptivo e gerou um movimento positivo na organização”, afirma Cristiano Brasil, diretor de gente e gestão da Votorantim Cimentos.

Currículo de candidato com informações ocultadas em processo seletivo “às cegas”, em parceria com a Empregare (Foto/Divulgação)

Na avaliação do gestor, o processo sem pré-julgamento permite que a empresa promova a diversidade e inclusão de sua equipe. “Antigos trainees elogiaram a mudança. Sentimos que estamos no caminho certo”, avalia Brasil.

As inscrições para o programa de trainee da empresa estão abertas até 24 de agosto e podem ser feitas no site da Eureca.

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A startup de serviços financeiros Nubank adotou o modelo em março de 2016 no setor de engenharia de software. Neste ano, o formato passou a ser utilizado também no recrutamento da área de atendimento , que representa cerca de 60% do quadro funcional da companhia.

A seleção da Nubank é feita de forma diferente à da Votorantim Cimentos. Uma equipe de engenharia revisa os currículos dos profissionais (que não têm omissão de informações), enquanto outra aplica testes práticos aos candidatos.

O time que oferece os testes não tem acesso às informações dos trabalhadores e deve avaliar as provas com base apenas em seus resultados.

“Fazemos uma avaliação com as informações pessoais e qualificação dos melhores candidatos apenas nas etapas finais. O modelo sozinho não traz mais diversidade à empresa, mas é um bom começo”, afirma Silvia Kihara, líder de recrutamento do Nubank.

Software personalizado

Com o recrutamento às cegas, consultorias e empresas de software começaram a criar sistemas para facilitar os processos seletivos de grandes companhias.

A Empregare é uma delas. Criada em 2014, a empresa desenvolveu há dois meses um sistema específico que envia às empresas cadastros de candidatos com informações escondidas, como foto, idade, faculdade, filhos, gênero, redes sociais, cursos extracurriculares, estado civil e experiência.

“Quando o candidato se inscreve em um processo seletivo, descobre já no início que o processo é feito às cegas. A empresa, por sua vez, recebe o cadastro do profissional, de forma oculta, com informações porcentuais do quanto é compatível com a oportunidade, além de dados opcionais, como respostas a perguntas e testes de competências”, afirma Luis Marino, diretor executivo da empresa.

De acordo com o empresário, o sistema pode ser personalizado pela companhia contratante, embora os dados pessoais e experiência profissional devam ser bloqueados para que a seleção seja, de fato, às cegas. “Pretendo lançar um selo para clientes que fizerem processos seletivos ocultos de verdade em 2019 e colaborarem com a diversidade nas empresas”, planeja Marino.

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