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Empresas de ônibus inovam para atrair e fidelizar passageiros

Por Da Redação
13 jan 2012, 17h19

Por Carolina Marcondes

SÃO PAULO (Reuters) – Com passagens aéreas cada vez mais em conta para a classe C brasileira e as vendas de veículos batendo recordes sucessivos, empresas de ônibus e terminais rodoviários se esforçam para manter clientes e investem para receber as classes D e E -que agora incluem viagens em seus orçamentos.

Programas de fidelidade, salas vip, parcelamento de passagens, veículos modernos e terminais que cada vez mais se assemelham a aeroportos: o setor está otimista, mas preocupado.

Isso porque as empresas de transporte rodoviário enfrentam outros desafios além da concorrência com aviões e carros. As tarifas pagas pelos passageiros incluem ICMS, o que não ocorre no setor aéreo; e a regulação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) não permite promoções sem autorização prévia.

De acordo com a ANTT, o setor transportou 38,2 milhões de passageiros nos nove primeiros meses de 2011 somente nas viagens interestaduais de longa distância, contra 39 milhões no mesmo período de 2010.

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As viagens de longa distância são as que mais sofrem com o aumento da demanda pelo avião. As de curta e média distância, contudo, ganham com a questão da capilaridade das linhas e o alcance das rotas, abrangendo praticamente todo o Brasil.

“A gente não consegue concorrer com o avião… Nossos passageiros foram pro aéreo e hoje a gente tem que trabalhar com quem não viajava de ônibus”, afirmou o diretor de Marketing e Vendas da São Geraldo-Gontijo, Paulo Anselmo, cujas principais rotas ligam São Paulo e Minas Gerais ao Nordeste.

Segundo a assessoria de imprensa da ANTT, a determinação da incidência ou não de impostos não é de competência da agencia. No caso do ICMS, é regida pela Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996.

A alíquota do ICMS e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação é de 12 por cento. Nas operações feitas nas Regiões Sul e Sudeste, destinadas às Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e ao Espírito Santo, as alíquotas são de sete por cento.

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“Nós pagamos ICMS e as aéreas, não. Não temos as mesmas condições de competição”, disse a diretora Comercial e de Marketing da Viação Águia Branca e Salutaris, Paula Corrêa.

Para ela, a cobrança de tributos faz com que muitas vezes as tarifas de ônibus sejam superiores às aéreas, apesar de a taxa de embarque nos aeroportos ser superior às das rodoviárias.

A Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) entrou há alguns anos com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para acabar com a cobrança do ICMS, segundo o diretor-executivo da Viação Cometa, Anuar Helayel. Procurada pela Reuters, a Abrati não se pronunciou.

DIFERENCIAIS NÃO INCLUEM PROMOÇÕES

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A grande vantagem do avião em relação ao ônibus é o tempo de percurso. Entretanto, no que se refere a segurança e conforto as viações não ficam muito atrás do setor aéreo, alegam as empresas.

A Cometa, que deve lançar nos próximos meses um plano de fidelidade, possui salas vip em grandes rodoviárias e parcela o pagamento de passagens em 10 vezes. “Temos feito diversas atitudes para trazer mais qualidade do serviço e chegar a novos locais”, disse Helayel.

O diretor-presidente da paranaense Viação Garcia, Mario Luft, disse que a empresa oferece veículos com dois banheiros, duas classes, “recepcionistas com uniformes mais bonitos que nas companhias aéreas” e motoristas que interagem pelo microfone.

Na Viação Águia Branca e Salutaris, uma das estratégias é fazer segmentação de tarifas com preços menores em horários de baixa demanda. “Elas desocupam o horário nobre e eu posso vender com o preço normal”, explicou a diretora da empresa.

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Pelas regras da ANTT, as companhias precisam informar pedidos de tarifas promocionais e registrar com no mínimo cinco dias de antecedência descontos superiores a 50 por cento na tarifa máxima autorizada pela agência.

Na prática, as empresas não podem fazer promoções de última hora. “Se as empresas tivessem um pouco mais de liberdade, poderíamos beneficiar mais o usuário”, defendeu a diretora da empresa capixaba.

A ANTT informou que no ano passado foram requeridas e cadastradas no Sistema de Gerenciamento de Permissões (SGP) da Superintendência de Serviços de Transporte de Passageiros (Supas) mais de 17 mil solicitações e pedidos de prorrogação sobre tarifas promocionais.

“As solicitações de tarifa promocional podem ser cadastradas diretamente via sistema informatizado pelas empresas, o que permite agilidade aos operadores”, argumentou a agência.

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RODOVIÁRIAS VERSUS AEROPORTOS

Os terminais rodoviários se parecem cada vez mais com os aeroportos -com novas lojas, ar condicionado, painéis com horários de partidas e chegadas e informações em inglês.

“Os novos terminais são muito melhores que os aeroportos e têm obrigação de ser”, afirmou o diretor-geral da Socicam, Altair Moreira. A empresa possui uma centena de concessões de terminais rodoviários, fluviais e pequenos aeroportos.

De acordo com Moreira, nos últimos cinco anos o aumento no volume de passageiros tem sido de 2 por cento ao ano. “As viagens de longa distância têm diminuído… Mas nas de até 400 quilômetros têm aumentado bastante.”

GRANDE CONCORRENTE

Representantes das empresas de ônibus avaliam que os carros representam, em alguns casos, um rival até maior que o avião. “O maior concorrente do ônibus é o carro, não o avião. As classes D e E vieram pro ônibus e a C foi para o automóvel e avião para longas distâncias”, disse Luft, da Viação Garcia.

De acordo com ele, no último quadrimestre a empresa perdeu 100 mil passageiros para os automóveis por mês, mas ganhou 38 mil passageiros mensais em rotas entre 400 e 500 quilômetros.

“A gente considera o carro um concorrente maior que o avião”, concordou Paula, da Águia Branca.

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