Por Altamiro Silva Júnior
São Paulo – Seguindo a tendência observada em outros países, as companhias brasileiras pararam de emitir ações em meio à turbulência global e ao aumento das incertezas. Em agosto, não houve nenhuma emissão, segundo boletim divulgado hoje pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Já o segmento de renda fixa mostrou bons resultados quando comparado ao mês de julho, embora longe dos volumes apresentados nos primeiros meses de 2011.
Em agosto, foram captados R$ 6,4 bilhões em títulos de renda fixa, liderados pelas debêntures e notas promissórias. Esses dois ativos corresponderam a 84% do total captado em renda fixa, com emissões de 17 empresas, todas com a utilização da modalidade de esforços restritos (oferta dos papéis feita a um pequeno grupo de investidores qualificados).
De acordo com o boletim da Anbima, a desaceleração na renda variável já era esperada neste período do ano. Ela reflete a retração na atuação de investidores internacionais, influenciados pelo período de férias no hemisfério norte e amplificada pelas incertezas relacionadas ao desempenho da economia mundial. A preocupação maior é com relação à evolução dos indicadores norte-americanos e aos desdobramentos da crise da dívida europeia.
No acumulado do ano até agosto, as emissões de renda fixa e variável somam R$ 77,9 bilhões, alta de 5,4% ante o mesmo período do ano passado. Na renda fixa, houve crescimento de 22%, com captação total de R$ 60,4 bilhões. As emissões com esforços restrito respondem por 86% do total captado. Na renda variável, as captações caíram 30% e ficaram em R$ 17,2 bilhões.
Emissões externas
As captações externas também se retraíram no período. Em julho, as emissões totalizaram apenas US$ 2 bilhões, integralmente concentradas no segmento de renda fixa, de acordo com o boletim da Anbima. Em agosto, os dados preliminares apurados até o momento indicam a ausência de captações por empresas brasileiras no mercado internacional.
Ainda assim, em 2011, as captações realizadas somam US$ 28,9 bilhões. A expectativa da Anbima é que em setembro, caso se confirme a melhora do cenário, haja a reabertura do mercado internacional, possibilitando a realização de novas emissões.