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Em último encontro antes das eleições, Copom mantém Selic em 11% ao ano

Trata-se da terceira vez que o Comitê mantém o juro básico da economia no mesmo patamar em 2014; especialistas apostam no aumento dos juros para 11,75% em 2015

Por Da Redação
3 set 2014, 19h43

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reiterou o fim do aperto monetário dos últimos 15 meses e manteve a taxa Selic em 11% ao ano. A decisão foi unânime, sem viés – ou seja, é válida até o próximo encontro, em 28 e 29 de outubro. Trata-se da terceira vez que o Comitê mantém o juro básico da economia em 11%. A Selic chegou em tal patamar na reunião de abril deste ano. A autoridade monetária iniciou a trajetória de subida em abril do ano passado, quando a taxa de juros passou de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. No governo de Dilma Rousseff, que assumiu a presidência com a Selic a 10,75%, a maior taxa, de 12,5%, foi vista em julho de 2011.

Em nota divulgada logo após a reunião, o Banco Central afirmou que “avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11% ao ano”. Votaram por essa decisão o presidente do BC, Alexandre Tombini, e os diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

Desde maio, os analistas contam com a manutenção da taxa Selic em 11% para ancorar suas expectativas. Contudo, ainda que o Banco Central mantenha a taxa estável, sinalizando dificuldades em conter o avanço da inflação, a autoridade tem usado outras medidas de estímulo monetário num intento de expandir o crédito. Em apenas um mês, o BC viabilizou a injeção de até 70 bilhões de reais na economia ao liberar depósito compulsório dos bancos. A atitude do BC foi aplaudida pelos bancos, mas criticada por economistas, que afirmam ser contraditório, por um lado, restringir o consumo ao subir juros e, por outro, estimulá-lo ao liberar o compulsório.

Os depósitos são a contribuição obrigatória que os bancos fazem junto ao Banco Central, cuja alíquota é calculada com base no volume de depósitos feitos à vista e à prazo nas instituições. A obrigação reduz o risco sobre o sistema financeiro e pode ser usada como ferramenta de política monetária. Ao reduzir a taxa do compulsório, o BC permite a liberação automática de mais dinheiro para que os bancos possam emprestar a seus clientes. Quando a taxa aumenta, há um aperto monetário e tendência à redução da oferta de crédito. A primeira liberação do compulsório em 2014 ocorreu dois dias após a divulgação da ata da reunião de julho do Copom, o que intensificou ainda mais as críticas.

Debate eleitoral – Numa situação inédita, o papel do BC tem sido amplamente discutido no debate eleitoral. A perda de autonomia da autoridade monetária durante o governo Dilma, o que resultou na queda forçada dos juros para a taxa mínima histórica de 7,5%, fez com que o BC perdesse credibilidade em meados de 2012. Desde então, ainda que uma política de aperto monetário tenha sido colocada em prática, a inflação tem se mantido sempre acima do centro da meta. A candidata Marina Silva colocou em seu programa de governo a proposta de uma lei que garanta a autonomia do BC. O candidato tucano Aécio Neves também aventou a ideia. Já a presidente Dilma Rousseff tem se mostrado avessa a tal ideia. Tanto que o site bancado pelo PT sob a batuta do ex-ministro Franklin Martins, o Muda Mais, publicou texto celebrando o fato de Dilma ser contra a independência do BC.

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O IPCA tem se mantido sistematicamente no teto da meta de 6,5%, daí a necessidade do BC de manter os juros num patamar mais alto. Contudo, economistas acreditam que o crescimento fraco da economia, que entrou em recessão técnica no primeiro semestre, deve segurar um pouco o avanço do IPCA nos próximos meses. “Se, por um lado, a economia mostra sinais de fraqueza, por outro, a inflação continua alta. Com esse cenário incerto, o BC deve adotar um tom neutro na ata de sua reunião, mantendo a afirmação de que continuará vigilante com o mercado e não deve alterar a Selic nas próximas reuniões”, aponta Luciano Rostagno, estrategista chefe do Banco Mizuho do Brasil.

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Para 2015, os economistas ouvidos para o relatório Focus, do BC, projetam a Selic a 11,75%, já considerando que, no ano que vem, o governo precisará reajustar os preços administrados (como energia, combustível e tarifas públicas), que foram represados nos últimos dois anos. Pode influenciar ainda a inflação o aumento da tributação de bebidas, também postergado, e a retirada o aumento do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) de automóveis e linha branca.

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