Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Governo sofre derrota e revisão de metas fica para setembro

O governo é legalmente obrigado a encaminhar o projeto de Lei Orçamentária nesta quinta-feira

Por Da redação
Atualizado em 31 ago 2017, 11h24 - Publicado em 31 ago 2017, 01h08

O governo sofreu uma derrota no plenário do Congresso Nacional na madrugada desta quinta-feira e vai ter que acionar o plano B, que é o envio de um projeto de Lei Orçamentária de 2018 “fictício”, ainda sob a meta fiscal de déficit de 129 bilhões de reais. A própria equipe econômica já admitiu que esse objetivo é inalcançável diante da grande frustração de receitas.

O objetivo era elevar o rombo autorizado para 159 bilhões de reais, mas após quase 11 horas de sessão não houve quórum suficiente para concluir a votação de dois destaques que poderiam alterar o texto-base já aprovado pelo Congresso.

Sem a ampliação, o governo precisará fazer um “corte” de 30 bilhões de reais nas despesas previstas na proposta – o que é um “vexame” na visão da área econômica, já que essa não é a realidade fiscal do país. O desfecho indesejável, ocorrido em meio à viagem do presidente Michel Temer e de integrantes da base ao exterior, também complica a situação para 2017, já que adia a possibilidade de a área econômica conseguir reverter parte do corte de 45 bilhões de reais ainda vigente sobre o Orçamento deste ano.

A proposta do governo alterava também a meta de 2017, passando de déficit de 139 bilhões de reais para um rombo de 159 bilhões de reais. Mas o adiamento na votação da mudança pode impor um risco maior de “apagão” na máquina administrativa. Alguns órgãos já estão estrangulados e com dificuldades para funcionar, consequência do forte bloqueio que incide sobre os gastos de custeio da máquina e sobre investimentos.

A intenção da área econômica é liberar uma parcela do valor bloqueado e dar fôlego aos ministérios até o fim do ano, garantindo a prestação de serviços à população, como o atendimento em agências do INSS e emissão de passaportes, mas diante da votação incompleta isso não será possível neste momento.

Continua após a publicidade

O presidente do Congresso Nacional, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), encerrou a sessão por volta das 3h40, depois de quase uma hora de espera por deputados. Eram necessários 257 marcando presença no plenário para dar continuidade à votação. Os articuladores políticos até tentaram ligar para os deputados, mas só se conseguiu chegar a 219 presentes. Com isso, a votação da nova meta não foi concluída.

A estratégia é trabalhar para retomar a apreciação dos dois destaques na terça-feira (5), às 19h, para quando foi convocada nova sessão conjunta do Congresso. O governo, porém, é legalmente obrigado a encaminhar o projeto de Lei Orçamentária nesta quinta-feira.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), negou que haja qualquer problema para a equipe econômica. “Não há nenhum problema, vamos ajustar o projeto de Orçamento na próxima semana (à nova meta aprovada)”, afirmou.

Jucá também rechaçou que o desfecho tenha sido uma derrota para o governo e disse que faz parte do jogo. “Foi vitória do cansaço”, afirmou.

A votação do texto-base, que altera as metas fiscais de 2017 e 2018 para um déficit de 159 bilhões de reais, foi concluída à 1h45 em votação nominal. A partir dali, os parlamentares somente poderiam requisitar outra verificação de presença em plenário depois de uma hora. Só que a oposição demonstrou habilidade na hora de obstruir os trabalhos e, sem um freio por parte de Eunício, acabou conseguindo atrasar a votação de cinco mudanças que ainda separavam o governo da nova meta fiscal.

Continua após a publicidade

Três destaques foram rejeitados, mas, com o andamento arrastado da sessão, a base do governo percebeu que não conseguiria impedir nova votação nominal. A estratégia foi antecipar a verificação para aumentar as chances de chegar ao quórum necessário – quanto mais se avançava na madrugada, menores elas seriam. Governistas apresentaram o pedido às 2h45 e quase uma hora depois ainda não havia deputados suficientes para manter a votação.

Eunício chegou a cogitar suspender a sessão para retomá-la de onde parou às 8h desta quinta-feira, o que foi rechaçado pela oposição e pela base do governo. O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) chegou a defender a permanência dos trabalhos até a obtenção do quórum, embora seja contrário à proposta.

“Não quero que digam que estou aqui votando na calada da noite. Respeito a oposição e vou encerrar esta sessão”, disse Eunício. “Esta votação cai e as duas emendas (destacadas) serão votadas depois”, afirmou o presidente do Congresso.

A mudança nas metas é necessária, segundo o governo, diante da frustração na arrecadação. Só neste ano, a rápida desaceleração da inflação deve tirar 19 bilhões de reais em receitas da União. Quando os preços evoluem mais lentamente, a base de recolhimento de tributos é afetada. Já em 2018, esse efeito deve reduzir a arrecadação em 23 bilhões de reais , segundo estimativas oficiais.

(Com Estadão Conteúdo)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.