Em editorial, NYT diz que má gestão não justifica impeachment de Dilma
Segundo o jornal americano, saída da presidente sem evidência criminal causaria sério dano à democracia
Em editorial impresso na edição desta terça-feira, o jornal The New York Times afirma que as políticas equivocadas executadas pelo governo Dilma, e que levaram o país à recessão, não podem ser encaradas como justificativa para um pedido de impeachment. O jornal defende que a saída de Dilma sem evidência concreta de que tenha cometido crime causaria “dano sério” à democracia, sem nenhuma contrapartida positiva. “Não há nada que sugira que qualquer líder de outros partidos possa fazer melhor do que ela na economia, hoje”, afirma o NYT.
Para o jornal, apesar da recessão, dos escândalos de corrupção, dos índices de aprovação em mínimas históricas e da revolta no Congresso, a boa notícia é a solidez das instituições democráticas do país, impressa na atuação da Força Tarefa ao longo da Operação Lava Jato. “Ao investigar a corrupção na Petrobras, promotores não foram dissuadidos por nenhum braço do poder, mesmo lidando com a tarefa de implodir uma cultura cristalizada de imunidade entre membros do governo e a elite empresarial”, diz o texto.
O editorial do NYT, que começa com a frase ‘O Brasil está em frangalhos’, não leva em conta que as prisões da Lava Jato estabelecem ligação direta entre o dinheiro desviado pela corrupção e o partido político que financiou a campanha da presidente. Tampouco considera as contas de 2014, que estão prestes a ir a julgamento no Tribunal de Contas da União (TCU) e que, a depender das explicações do governo sobre as irregularidades, podem conduzir a presidente Dilma à beira do precipício – e do impeachment. Em vez disso, o NYT rasga elogios à atuação de Dilma, celebrando o fato de ela não ter atuado para prejudicar as investigações – como se tal conduta não fosse pura obrigação.
Segundo o NYT, o cenário deve piorar para os brasileiros, o que deve criar um cenário ainda mais complicado para a presidente. Mas a solução, diz o jornal, não é “minar as instituições democráticas que são, em última instância, garantidoras da estabilidadade, da credibilidade, e de um governo honesto”.
(Da redação)