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Em Davos, Monti tenta convencer líderes de que Itália mudou

Governo do tecnocrata Mario Monti tem reagido com medidas de austeridade e tentativas de impulsionar a economia; agora busca o apoio do mercado e das lideranças globais

Por Roberto Almeida, de Londres
25 jan 2012, 08h03

O primeiro-ministro da Itália, o tecnocrata Mario Monti, atrairá nesta quarta-feira, no Centro de Congressos de Davos, olhares de admiração e expectativa. Afinal, nesta 42ª edição do Fórum Econômico Mundial, que acontece até domingo na cidade suíça, líderes de todo o mundo debaterão formas para ajudar a zona do euro a sair da crise – e a economia italiana, a terceira maior da região, é que uma das que inspira os maiores cuidados. Essa mesma nação que preocupa, no entanto, tem atraído também admiração. A razão é que, sob o comando de Monti, o governo tem avançado em audaciosas reformas: adotou o remédio amargo dos cortes nos serviços públicos; ordenou aumentos de impostos para arrecadar mais 33 bilhões de euros até 2013 e provocou a ira de poderosos grupos italianos com a liberalização de atividades comerciais. Em suma, Monti tomou medidas para mudar o curso da economia italiana – dando-lhe um choque de produtividade e tentando corrigir a deterioração fiscal. Em Davos, assim como fez em recentes viagens aos principais parceiros da Europa, tentará convencer o mundo de que a Itália realmente é outra.

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alguns números da economia da Itália
alguns números da economia da Itália (VEJA)
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Em pouco mais de dois meses, Monti fez, grosso, o que o ex-premiê Silvio Berlusconi deixou de fazer durante anos no poder: cuidar das contas públicas. Suas investidas pela austeridade – sustentadas por um pacote já aprovado no Parlamento e que almeja levar o déficit fiscal de cerca de 5% do PIB a zero em 2013 – renderam elogios da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente francês, Nicolas Sarkozy. Mesmo saudadas pela dupla “Merkozy”, as medidas do tecnocrata não foram suficientes para impedir que a agência de avaliação de risco Standard & Poor’s rebaixasse a nota italiana para BBB+, com um terço da gigante dívida de 1,9 trilhão de euros do país prestes a ser renegociada. De qualquer forma, em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Monti, que acumula o cargo de ministro da economia, mostrou em poucas palavras que não se abala em ver os papeis de seu país apenas um nível acima dos títulos de Chipre. “Acho que sou o único na Europa que não criticou as agências”, gabou-se.

Impulso – Nem só de amargas medidas focadas na redução das despesas do estado e no aumento da arrecadação vive a Itália de hoje. Na semana passada, Monti pôs em prática um ambicioso plano de liberalização. Em resumo, o que ele quer é concorrência. Diversos setores foram abertos à competição, como os de táxis, farmácias, transportes públicos locais, distribuidores de gasolina, de gás, etc. Reverter um passado de inércia econômica é sua meta.

De acordo com Amedeo De Tomasso, um ex-sindicalista ligado ao Partido Democrático (PD), que faz parte da base de sustentação do governo no Parlamento italiano, o atual primeiro-ministro atravessa turbulências e mexe em um vespeiro quando promete reformas. “A estagnação italiana tem seus beneficiários”, afirma. Isto porque a nova política tira das mãos de poucos o controle de permissões para abrir negócios. Antes, explica o ex-sindicalista, era preciso negociar com poderosas famílias para montar um negócio e o ‘pedágio’ era caríssimo.

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O PD é herdeiro do Partido Comunista italiano, mas com ares mais moderados. Hoje, a sigla detém um terço das cadeiras no Legislativo. Como o PD se opunha a Berlusconi, viu em Monti uma boia de salvação. De Tomasso não titubeia em considerá-lo melhor que o antecessor. “Na Itália, acredite, é melhor que um governante não seja politico”, disse em referência ao primeiro-ministro tecnocrata.

Desafios – Apesar da mudança de rumo na economia, Monti ainda vive à sombra do poder de Berlusconi e sua fortuna, estimada em 5 bilhões de euros. Além do PD, os partidos conservadores PdL (Povo da Liberdade) e Lega Nord, de extrema-direita, que faziam parte da coalizão do ex-primeiro ministro, são os mesmos que dão suporte ao tecnocrata.

Ao menos por enquanto, esse apoio tem se traduzido em avanços. Resta saber se, no balanço final, as medidas serão suficientes para melhorar as contas públicas e colocar o país novamente na rota do crescimento, que tem sido pífio nos últimos anos. Dar impulso ao PIB é desejável não só por seus reflexos sociais, como a redução do desemprego, mas também porque é essencial para conter a deterioração fiscal. Em recentes viagens a Alemanha, Inglaterra e França, Monti deixou claro que quer a ajuda de seus parceiros nessa tarefa – mesmo porque as economias da região são altamente interdependentes.

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