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Eletrobras estuda comprar fatia da Iberdrola na Neoenergia-fontes

Por Da Redação
20 jun 2012, 14h14

RIO DE JANEIRO, 20 Jun (Reuters) – A Eletrobras negocia a compra da participação da Iberdrola na Neoenergia, informaram três fontes a par do negócio à Reuters. As conversas estão em estágio inicial e pode ter sido estimulada pelo governo como alternativa para evitar que a chinesa State Grid assuma o controle do negócio.

A aquisição poderia criar sinergias com as distribuidoras da estatal federal.

A State Grid, que já tem ativos de transmissão no Brasil, teria apresentado proposta de 9 bilhões de reais pela fatia de 39 por cento que a Iberdrola detém na Neoenergia, que comanda três distribuidoras na região Nordeste (Coelba, Celpe e Cosern) e participação de 10 por cento na hidrelétrica de Belo Monte, no Estado do Pará, entre outros ativos.

No entanto, segundo essas fontes, o governo teria se oposto à entrada da chinesa no negócio, por considerar estratégico o segmento de distribuição de energia – que está sob os efeitos do terceiro ciclo de revisão tarifária. Além disso, segundo uma das fontes, há a preocupação do governo com o fato de as tarifas de energia influenciarem a inflação, daí o interesse de manter o negócio nas mãos de uma empresa estatal.

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Uma das fontes disse ainda que “dinheiro não é problema”, referindo-se aos recursos necessários para a entrada da estatal na Neoenergia. Ainda não houve discussão sobre a engenharia financeira para a aquisição, mas possibilidade é a do BNDESPar, braço de participações do BNDES, entrar no negócio em sociedade com fundos de pensão de estatais, como Petros (Petrobras), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Previ (Banco do Brasil).

BB e Previ já compõem, junto com a Iberdrola, o bloco de controle da Neoenergia.

PARCEIRO E CONCORRENTE

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O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, disse na segunda-feira que estuda uma parceria com a State Grid em leilões futuros de transmissão elétrica, em especial os de interligação da usina de Belo Monte ao sistema nacional, um investimento bilionário que deve demandar tecnologia de corrente contínua de alta tensão que só foi utilizada na China.

Carvalho Neto destacou que a Eletrobras assinou um memorando de entendimentos com a State Grid. “Estamos retomando esse acordo”, afirmou, acrescentando que há possibilidade de parceria já no próximo leilão de linhas de transmissão.

“Daqui a pouco, virão leilões de linhas e subestações maiores, e estudamos com eles algo específico para esses casos (…) Eles têm grande tecnologia, têm participação importante no país e um capital que vem para o país é interessante, não há exceção por ser chinês”.

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O executivo, no entanto, evitou comentar sobre negociações envolvendo a Iberdrola e a Neoenergia. A Neoenergia também não quis comentar o assunto. Já a State Grid não pôde ser imediatamente contatada para comentar a respeito.

Em maio, o presidente da Eletrobras afirmaram à Reuters que a estatal “não está fechada” para avaliar uma participação na Neoenergia, caso seja convidada a fazê-lo.

Dias antes, a Previ havia afirmado que o fundo de pensão avaliaria a opção de comprar uma fatia adicional da Neoenergia, mas que a empresa elétrica precisa de um sócio operador, que tenha experiência no setor. .

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Em 2011, a Iberdrola tinha tentado assumir sozinha o controle da Neoenergia, mas as negociações com Previ e BB não avançaram -em dezembro, o presidente da Iberdrola, Ignacio Sánchez Galán, afirmou que a empresa espanhola queria ser majoritária na Neonergia .

Mais recentemente, devido à deterioração econômica da Espanha, a Iberdrola estaria preferindo se desfazer dos ativos no Brasil, de acordo com uma das fontes. Em maio, a Iberdrola afirmou que estava analisando “alternativas estratégicas diferentes” para o capital da Neoenergia. .

No Brasil, a Iberdrola também controla a distribuidora Elektro, na qual a CPFL Energia teria interesse. Em abril, a empresa pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aval para uma reestruturação societária de empresas do grupo no Brasil, que incluiria a Elektro.

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Além da Eletrobras, a Cemig e a alemã E.ON manifestaram interesse na aquisição da fatia da espanhola na Elektro .

BRASIL X CHINA

No ano passado, outra chinesa esteve no caminho da Eletrobras. A China Three Gorges venceu a Eletrobras na disputa pela fatia detida pelo governo português na EDP, correspondente a cerca de 21 por cento do capital da companhia.

A operação levou a China Three Gorges a deter indiretamente participação na Energias do Brasil, empresa que possui distribuidoras no Brasil (Escelsa e Bandeirante).

A aquisição da fatia da Iberdrola na Neoenergia estaria ainda dentro de um contexto mais amplo, de um processo de consolidação das empresas de distribuição no país. No Brasil, a Eletrobras tem seis distribuidoras federalizadas e está perto de assumir o controle da Celg Distribuição, estatal goiana, e ainda pode ter o comando da CEA, distribuidora do Amapá.

O processo ocorre num momento em que revisões tarifárias demandam mais escala das empresas como forma de evitar perda de receita. Além disso, a proximidade da renovação de concessões, que deve afetar 37 empresas e a crise do grupo Rede Energia também concorrem para uma consolidação.

(Reportagem de Leila Coimbra, Fabio Couto, Jeb Blount e Rodrigo Viga Gaier)

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