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Elétricas já somam R$ 35,29 bilhões em perdas na bolsa

Em nove dias, apenas o valor de mercado da Eletrobras caiu 4,81 bilhões de reais – e a companhia lidera agora a desvalorização das ações do setor

Por Naiara Infante Bertão
22 nov 2012, 18h17

Nos últimos nove dias, o valor de mercado das companhias de energia elétrica listadas na BM&F Bovespa afundaram mais 4,18 bilhões de reais, de acordo com levantamento da consultoria Economática realizado a pedido do site de VEJA. Somando essa quantia às perdas de 31,11 bilhões que as elétricas haviam amargurado entre 10 de setembro (dia anterior à publicação do decreto da Medida Provisório nº 579) a 12 de novembro, as 24 companhias perfazem agora desvalorização de 35,29 bilhões de reais (conforme fechamento desta quarta-feira).

A queda abrupta nos preços das ações das elétricas é uma reação do mercado à brusca redução de receita que elas amargarão ao optarem pela renovação antecipada de suas concessões. Mesmo empresas que se mostram críticas à política do governo federal não escaparam das perdas. É o caso da Cemig – que já deixou três de suas usinas de fora da renovação – que amarga o segundo lugar em perdas (8,83 bilhões de reais desde 10 de setembro). O valor em bolsa da companhia hoje está em 18,90 bilhões de reais.

Eletrobras – A estatal Eletrobras, pertencente à União, desbancou a Cemig e agora ocupa o primeiro lugar entre as que mais perderam, com 9,79 bilhões de reais a menos nestes dois meses e onze dias. Seu valor de mercado atual é de 9,41 bilhões de reais contra 14,23 bilhões de reais em 12 de novembro. Em outras palavras, somente nos últimos nove dias – período em que a empresa tem sido o centro das atenções do setor no mercado de capitais e na imprensa – o prejuízo aumentou em 4,81 bilhões de reais.

As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da estatal despencaram de 19,20 reais em 10 de setembro para 7,84 reais nesta quarta-feira (queda de quase 60%), ao passo que as ordinárias (ON, com direito a voto) passaram de 12,99 reais para 6,75 reais no mesmo período (recuo de 48%). Analistas do banco Barclays estão entre os mais pessimistas do mercado. Em relatório recente, eles jogaram para um real o valor “justo” projetado para as ações ON e PN da Eletrobras.

Amargam fortes perdas também a Cesp (cujo valor de mercado caiu de 9,41 bilhões para 5,24 bilhões de reais desde o dia do anúncio da MP), Copel (de 9,06 bilhões para 6,60 bilhões de reais), AES Tietê (caiu de 9,95 bilhões para 7,78 bilhões de reais) e Cteep (de 7,01 bilhões para 5 bilhões de reais).

No azul – Apenas seis companhias conseguiram driblar a tempestade que se alastrou pelo setor e registram ganhos de 1,68 bilhão entre 10 de setmebro e 21 de novembro. São elas a Tractebel (com acréscimo de 502,61 milhões de reais), Rede Energia (467,60 milhões de reais a mais no período), a Energisa (291,87 milhões de reais), a Cemat (180,79 milhões de reais), a Renova (126,99 milhões de reais), Equatorial (103,03 milhões de reais) e Redentor (10,84 milhões de reais). No levantamento divulgado pelo site de VEJA com dados do fechamento de 12 de novembro, a Tractebel perdia 300,26 milhões de reais e agora passou para o lado das positivadas.

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Contexto – Em 11 de setembro, o Palácio do Planalto anunciou a nova proposta para concessões do setor, contida na Medida Provisória (MP) nº 579. A resolução dá a opção para as atuais concessionárias renovarem antecipadamente seus contratos (já em 2013), mas sob tarifas mais baixas que as praticadas atualmente. A maioria delas venceria apenas entre 2015 e 2017. As companhias argumentam que, com a redução das tarifas, terão perdas expressivas de faturamento e que as compensações prometidas pelo governo serão insuficientes para se contrapor a elas.

Tensão – Os números levantados pela Economática refletem a apreensão geral que dominou o setor nos últimos meses. De um lado, o governo federal quer renovar as concessões sob tarifas inferiores às atuais, como forma de reduzir a conta de energia e melhorar o custo Brasil. Por outro lado, empresários reclamam que a maneira como tem sido conduzida a reforma setorial é apressada e sem transparência.

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Segundo cálculos do setor privado, as 81 usinas que poderão renovar seus contratos de concessão perderão aproximadamente 70% de suas receitas. Segundo Mário Menel, presidente da Associação Brasileira de Investidores em Auto Produção de Energia (Abiape), o resultado é uma “devastação tarifária”. A grande perda de receita, segundo as companhias elétricas, impedirá, segundo analistas, que sejam realizados todos os investimentos necessários para manter e operar os ativos.

Emendas à MP 579 estão em trâmite no Congresso e a expectativa do setor é que o texto só será finalizado no ano que vem. De acordo com o cronograma do governo, as elétricas têm até 4 de dezembro para dizer se renovarão ou não seus contratos antecipadamente, antes mesmo de conhecerem a versão final da nova regulamentação.

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Reação em cadeia – A reação negativa dos investidores aos papeis da Eletrobras também tem contaminado outra estatal, a Petrobras. A companhia perdeu o posto de maior empresa da BM&F Bovespa nesta quarta-feira, quando a Ambev a ultrapassou. Ainda segundo a Economática, o valor de mercado da Ambev em 21 de novembro fechou em 248,7 bilhões de reais contra 247,2 bilhões de reais da Petrobras. Entre as dez maiores empresas da bolsa em 21 de novembro, apenas três apresentavam crescimento de valor de mercado no ano: Ambev, Souza Cruz e Bradesco. No final de 2011, a Ambev era a terceira maior empresa por valor de mercado e a Petrobras a primeira. Nesta quinta-feira, contudo, a petroleira reassumiu sua posição de liderança.

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