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Eleição nos EUA tem impacto limitado sobre juros do país no curto prazo

Investidores esperam políticas inflacionárias com Trump, mas Fed deve aguardar decisões para definir rumo da taxa de juros

Por Juliana Machado Atualizado em 8 nov 2024, 13h58 - Publicado em 7 nov 2024, 18h01

A eleição nos Estados Unidos, vencida pelo republicano Donald Trump, é um evento inegavelmente importante para o futuro da política monetária americana. Isso porque as decisões do presidente a respeito de diversos temas — imposição de tarifas comerciais, decisões de gastos orçamentários e outras políticas econômicas — vão interferir na trajetória da inflação e, consequentemente, na rota dos juros. Por ora, no entanto, os efeitos ainda são limitados, e será preciso esperar os próximos passos para se ter certeza qual rumo tomará a política monetária da maior economia do mundo.

Essa visão não é apenas compartilhada por economistas como também foi dividida hoje por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o banco central americano, logo após a decisão do órgão de reduzir em 0,25 ponto percentual (pp) a taxa básica de juros do país, para o intervalo de 4,5% a 4,75%. “No curto prazo, a eleição não tem efeitos nas decisões”, afirmou ele em coletiva a jornalistas. “Não adivinhamos, não especulamos e não presumimos.”

O grande receio que economistas e analistas têm em relação ao mandato de Trump está no perfil inflacionário das eventuais decisões, com base no que o republicano já declarou publicamente. O estilo agressivo de desejar a imposição de tarifas contra produtos chineses, por exemplo, é um desses aspectos, já que tem potencial de reduzir a concorrência e, desse modo, servir de catapulta para os preços dos produtos. Além disso, com uma previsão de maior déficit orçamentário, cresce a preocupação com a alta da inflação.

Ainda é cedo para afirmar que essas e outras políticas serão de fato tomadas e, sobretudo, em qual dimensão. No entanto, investidores em todo o mundo já tentam antecipar os eventuais efeitos para se posicionarem de modo a aproveitar os potenciais ganhos e não incorrer em grandes perdas. Quanto maior o aceno de Trump a medidas que elevem a inflação, maior será a procura dos investidores por títulos americanos, à espera de remunerações maiores, em detrimento de outros mercados globais.

“O caminho para os cortes do Fed está mais nebuloso hoje do que estava uma semana atrás, antes das eleições. O mercado está sinalizando que a administração de Trump será boa para o crescimento e para ativos de risco, mas a combinação de uma expansão rápida com novas tarifas seria inflacionária”, afirma Scott Helfstein, chefe de estratégias de investimentos da Global X. “Enquanto o Fed acredita que os riscos estão equilibrados entre preços estáveis e máximo emprego, isso pode mudar rapidamente, elevando os riscos de uma reaceleração da inflação.”

Até aqui, o mercado ainda enxerga uma continuidade no ciclo de corte das Fed Funds. Para a última reunião do ano, em 18 de dezembro, a probabilidade de um corte de mais 0,25 pp, para a faixa entre 4,25% e 4,50%, é de 74,5%, com apenas 25,5% de chance de uma pausa no nível atual. O percentual é calculado a partir dos dados implícitos nos contratos de juros futuros negociados no mercado americano, segundo a ferramenta CME FedWatch.

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