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‘Economist’ diz que Hollande é tão poderoso, quanto perigoso

Tradicional revista britânica critica postura do presidente francês, que defende um estado forte e se mostra contrário a políticas liberais

Por Da Redação
25 jun 2012, 12h45

No final, François Hollande terá de jogar a toalha, profetiza a ‘Economist’. Cada vez mais enfraquecida, a França não encontrará alternativa senão abraçar reformas estruturais e liberalizar sua economia

A tradicional revista britânica ‘The Economist’ desta semana dedicou reportagem ao perigo que a situação fiscal francesa pode oferecer à já atribulada Europa. Intitulada “Tão poderoso, quanto perigoso”, a matéria lembra que o atual presidente é o mais poderoso dentre todos os líderes europeus da atualidade, haja vista que, diferentemente dos outros governantes, possui amplo apoio doméstico. Hollande controla tanto o Senado quanto a Câmara dos deputados do país, além da maioria das províncias, departamentos, grandes cidades e comunas. Todo esse poder, no entanto, não será usado no curto e médio prazo para implantar as reformas que o estado francês necessita.

A revista também lembra que o presidente é um socialista moderado, pois, a despeito das cobranças por medidas de estímulo econômico e por mais crédito dos países ricos do bloco, apresenta-se como pró-europeu e manteve o compromisso de levar o déficit público francês a 3% do PIB em 2013. Por outro lado, Hollande afasta-se da chanceler alemã Angela Merkel no que compete ao apoio a políticas tidas como liberais, que visam estimular a competição e a produtividade.

Risco estatal – O grande risco francês, na visão da ‘Economist’, reside nas finanças do estado. Dona de um rombo nas contas públicas de 90% do PIB e com um governo que equivale a 56% do PIB, a França hoje se assemelha mais à Itália e à Espanha que à Alemanha ou à Áustria, dispara a revista. E os sinais dados pela equipe de Hollande não são dignos de comemoração. O presidente restabeleceu a aposentadoria de 60 anos – ante um patamar mais elevado, de 62 anos – para os contribuintes que começaram a trabalhar aos 18 anos de idade. Além disso, deve aumentar o salário mínimo. Dentre as políticas “antiliberais” que deve adotar está a opção de tornar mais difícil a demissão de trabalhadores; elevar a tributação sobre riqueza, herança e dividendos de ações; e aumentar a alíquota máxima do imposto de renda para 75%.

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A França ainda é um país rico, lembra a reportagem, mas é seguramente mais vulnerável que em 1981, quando outro político, o ex-presidente François Mitterrand, tentou e não conseguiu implementar uma reforma socialista. As sinalizações de Hollande já preocupam o mercado financeiro, diz a ‘Economist’, especialmente quando ele se junta à Itália e à Espanha nas pressões para que Merkel abra seus cofres públicos para apoiar a Europa – retirando de costas deles, assim, parte da responsabilidade pelo ajuste da região.

No final, profetiza a ‘Economist’, Hollande terá de jogar a toalha. Cada vez mais enfraquecida, a França não encontrará alternativa senão abraçar reformas estruturais e liberalizar a sua economia. “E isso certamente vai levar menos de dois anos que Mitterrand levou para mudar de rumo”, critica. Até lá, o todo poderoso Hollande causará ainda mais dano ao país.

Déficit orçamentário – Nesta segunda-feira, uma auditoria das finanças públicas da França deve mostrar um déficit orçamentário de 7 bilhões a 10 bilhões de euros. Este “rombo” precisa ser resolvido para que o país cumpra sua meta de déficit público, admitiu o ministro das Finanças, Pierre Moscovici.

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Ainda que sinalize ampliação dos gastos estatais por um lado; presidente François Hollande, há cinco semanas no poder, prepara-se para cortes em outras despesas para tentar garantir o cumprimento da meta de déficit em 2012 de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB). O Palácio do Eliseu contará com a ajuda de uma avaliação profunda das finanças públicas, realizada pelo escritório nacional de auditorias, a ser publicada em 2 de julho. O levantamento deverá permitir ter uma ideia mais clara de quais economias devem ser feitas.

Questionado pela TV iTele sobre se as economias necessárias para este ano eram de 7 bilhões a 10 bilhões de euros, Moscovici disse o valor deve algo nessa faixa: “Imagino que estamos entre os dois, mas estou aguardando os dados oficiais”. O governo anterior baseou o orçamento de 2012 em uma estimativa de crescimento de 0,7% para este ano, mas a maioria dos economistas esperam um crescimento muito menor, o que significa que economias extras são inevitáveis.

(Com agência Reuters)

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