
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, sexta maior economia do mundo, registrou desaceleração, a 2,7%, em 2011 na comparação com 2010, como consequência da crise econômica mundial, uma cifra levemente inferior aos 3% esperados pelo governo.
“O Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 2,7%” em 2011 – em relação a 2010, quando a economia cresceu 7,5% – e totalizou 4,14 trilhões de reais (2,38 trilhões de dólares ao câmbio atual), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O governo brasileiro reduziu progressivamente as previsões de crescimento para 2011 em função do agravamento da crise internacional.
Em fevereiro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que esperava uma alta do PIB ao redor de 3%, enquanto o mercado financeiro apostava em um crescimento de 2,8%.
Mas no contexto atual de desaceleração econômica mundial, um crescimento de 2,7% não é decepcionante, disseram analistas à AFP.
“Não é muito diferente do que era esperado e é um número superior à média mundial”, declarou à AFP a economista Virene Matesco, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“O Brasil é uma das potências emergentes do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que estimulam o crescimento mundial; estas economias têm vigor interno, mas também se ressentem pela crise internacional”, explicou.
“Um crescimento de 2,7% não é tão ruim no contexto internacional. A surpresa não foi tão negativa, mas, sem dúvida, mostra que o efeito da crise mundial é mais amplo do que se imaginava”, concordou o economista Alex Agostini, da agência de classificação de risco Austin Rating.
Mantega atribuiu nesta terça-feira a desaceleração do PIB em 2011 ao agravamento da crise internacional, mas também às medidas adotadas pelo governo no começo desse ano para conter a inflação, que foi de 6,5% em 2011, o teto da meta oficial.
Apesar da desaceleração da economia mundial, o governo brasileiro espera em 2012 um crescimento maior do que no ano passado, entre 4% e 4,5%, e uma inflação no centro da meta oficial, de 4,5%.
“Continuamos trabalhando com uma previsão de crescimento do PIB em 2012 de 4,5%. Apesar de termos dificuldades na economia mundial, consideramos que temos condições de nos esquivarmos delas”, disse Mantega em uma conferência telefônica com jornalistas e analistas.
“Os sólidos fundamentos e um mercado interno robusto marcam a diferença da economia brasileira, inclusive frente ao complexo ambiente internacional”, declarou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini em um comunicado.
Os analistas são muito menos otimistas do que o governo. “Nossa projeção é de um crescimento de 3,4% este ano. Vai ser muito difícil no contexto atual alcançar 4%”, afirmou Agostini.
A poderosa Federação de Indústrias de São Paulo espera um crescimento ainda menor, de 3% este ano, “devido ao baixo dinamismo da indústria de transformação”, ou seja, a indústria local que mais compete com produtos importados (máquinas, equipamentos, veículos), disse em um comunicado.
A indústria de transformação cresceu apenas 0,1% em 2011 e espera-se que não registre crescimento este ano, lamentou a Fiesp.
O governo da presidente Dilma Rousseff busca estimular o crescimento com reduções de impostos e das taxas de juros. Em agosto, o Banco Central interrompeu a política de alta da taxa básica de juros e iniciou uma série de reduções, que levou o índice de 12,5% aos atuais 10,5% por ano.
Em 2012 “deveremos continuar com uma aceleração gradual da economia”, disse Mantega e afirmou que o governo continuará incentivando medidas para favorecer o crescimento e a indústria e também em defesa do real, cuja valorização prejudica a competitividade da indústria brasileira.
A desaceleração “permite ao Brasil continuar reduzindo a taxa de juros sem ter problemas” frente à inflação, lembrou Agostini.
No quarto trimestre de 2011, o PIB cresceu 0,3% em comparação com o período anterior e 1,4% em ritmo anual. De julho a setembro, a economia brasileira registrou uma estagnação, com crescimento zero.
O PIB médio per capita foi de 21.252 reais (12.530 dólares) em 2011, alta de 1,8% em relação a 2010.