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Economia brasileira tem estagnação no 3o tri, diz IBGE

Por Da Redação
6 dez 2011, 13h28

Por Rodrigo Viga Gaier e Tiago Pariz

RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) – Diante da estagnação da economia brasileira no terceiro trimestre deste ano, o governo uniu o discurso para garantir que a atividade já está em ritmo adequado. Isso por causa das medidas de estímulo já adotadas, como redução da taxa básica de juros.

Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o país já voltou a acelerar neste quarto trimestre, apesar de ter esfriado as expectativas de crescimento para 2011 e 2012.

“(O crescimento de) 3,8 (por cento) não é mais alcançável (em 2011). Estamos com 3,2 por cento e devemos ficar mais ou menos nesse patamar”, afirmou ele nesta terça-feira, citando a expansão acumulada nos três primeiros trimestres deste ano de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No terceiro trimestre deste ano, a economia brasileira ficou estagnada em comparação ao segundo, com a primeira queda no consumo das famílias em quase três anos, informou o IBGE.

O Produto Interno Bruto (PIB) registrou crescimento zero entre julho e setembro na comparação com os três meses anteriores, segundo o IBGE, o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009, quando houve retração de 1,7 por cento. Já na comparação com o terceiro trimestre de 2010, houve uma expansão de 2,1 por cento.

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O consumo das famílias, um dos motores da economia nos últimos trimestres, caiu 0,1 por cento na comparação entre o terceiro trimestre e o segundo, a primeira queda desde o quarto trimestre de 2008.

Também caíram a formação bruta de capital fixo (FBCF) -uma medida de investimentos- e o consumo do governo, respectivamente 0,2 por cento e 0,7 por cento no período.

Para a economista e gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, o objetivo do governo de desacelerar a economia no início de 2011, quando a inflação preocupava mais e não havia a fase aguda da crise internacional, foi alcançado agora. Mas ela ressaltou que a economia pode voltar a crescer com as recentes medidas.

“As medidas anunciadas na semana passada têm como objetivo retomar o consumo claramente. Da última vez que isso foi feito, na crise anterior, as medidas surtiram efeito. Temos que aguardar para saber se a expectativa se transforma em realidade (consumo maior)”, afirmou ela à Reuters.

Na semana passada, além de o Banco Central (BC) ter feito novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, para 11,00 por cento ao ano, o governo anunciou um pacote de medidas para estimular a economia. Entre elas, reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os produtos de linha branca e zerou o Imposto sobre Operações Financeiras para investidores estrangeiros em ações.

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O objetivo, afirmou Mantega an época, era garantir ao país expansão entre 4,5 e 5 por cento no próximo ano. Nesta terça-feira, por outro lado, o ministro afirmou que o crescimento pode ficar entre 4 e 5 por cento.

Segundo o último relatório Focus do Banco Central, junto a agentes econômicos, a expectativa é de um crescimento do PIB de 3,09 por cento este ano e de 3,48 por cento em 2012.

“O que temos aqui talvez seja resultado puxado por retração no gasto do governo”, avaliou o economista sênior da Gradual Investimentos, André Perfeito. “Desde o início do ano o governo vem praticando uma política econômica contracionista, não dava para esperar outra coisa.”

O presidente do BC, Alexandre Tombini, também buscou ressaltar que os resultados do PIB agora mostram que a economia brasileira está num “ciclo sustentável de expansão”, citando a alta acumulada de 3,7 por cento em 12 meses.

“Os sólidos fundamentos e um mercado interno robusto constituem um diferencial da economia brasileira e sugerem perspectivas favoráveis para a atividade, mesmo diante do complexo ambiente internacional”, completou ele por meio de nota nesta terça-feira.

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No Palácio do Planalto, o resultado do PIB já era esperado, assim como o prognóstico de crescimento em torno de 3,2 por cento neste ano, segundo uma fonte com interlocução com a presidente Dilma Rousseff. O governo segue preocupado com o aprofundamento da crise na Europa e com a recente notícia de que a Standard & Poor’s pode rebaixar a nota de crédito de países da zona do euro.

SERVIÇOS EM QUEDA

No trimestre passado, quando comparado com os três meses anteriores, a agropecuária teve expansão de 3,2 por cento, mas a indústria registrou contração de 0,9 por cento e o setor de serviços queda de 0,3 por cento.

“A indústria, como já era esperado, teve retração, mas me surpreendeu a queda no setor de serviços. Esperávamos pelo menos estabilidade, dado que o mercado de trabalho continua relativamente forte”, disse o economista-chefe da CM Capital Markets, Maurício Nakahodo.

Para o coordenador de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco, a atividade brasileira continuará patinando neste fim de ano, com uma recuperação ocorrendo apenas a partir do ano que vem.

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“Os últimos meses de 2011 devem continuar ruins e a melhora deve vir só em 2012, com as ações do governo (para estimular o consumo) e o ciclo de redução da Selic”, afirmou ele.

SOBRE 2010

Em relação ao terceiro trimestre de 2010, a agropecuária cresceu 6,9 por cento, enquanto a indústria teve expansão de 1,0 por cento e o setor de serviços crescimento de 2,0 por cento.

Nessa comparação, o consumo das famílias aumentou 2,8 por cento, a FBCF subiu 2,5 por cento e o consumo do governo cresceu 1,2 por cento.

O resultado do PIB na comparação trimestral confirmou pesquisa Reuters, onde a mediana das previsões dos economistas era de crescimento zero. Mas na comparação anual, a expectativa era de uma expansão de 2,4 por cento.

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O IBGE também divulgou nesta manhã dados revisados dos últimos trimestres. A expansão do PIB no segundo trimestre sobre o primeiro trimestre foi revisada de 0,8 por cento para 0,7 por cento, enquanto o crescimento do primeiro sobre o quarto trimestre passou de 1,2 por cento para 0,8 por cento.

ATRÁS NO BRICS

O IBGE mostrou ainda que o crescimento brasileiro no trimestre passado, quando comparado com igual período de 2010 e que mostrou expansão de 2,1 por cento, foi o pior entre os membros do Brics -grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Neste casos, as expansões variaram entre 9,1 e 3,1 por cento.

(Reportagem adicional de Jeb Blount, no Rio de Janeiro; Luciana Lopez, e Inaê Riveras, em São Paulo; Jeferson Ribeiro, em Brasília)

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