Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar cravou a terceira queda seguida ante o real nesta quinta-feira, captando a maior tolerância a ativos de risco no exterior pelo alívio nas preocupações com a Europa e os Estados Unidos.
A moeda norte-americana fechou em baixa de 2,51 por cento, para 1,7855 real na venda. Trata-se do menor patamar desde 19 de setembro, quando a taxa de câmbio terminou a 1,7765 real na venda.
No mesmo horário, o dólar no exterior recuava 0,4 por cento ante uma cesta de divisas, com destaque para a valorização de 0,6 por cento do euro.
De acordo com o estrategista-chefe da CM Capital Markets, Luciano Rostagno, a melhora no ambiente internacional novamente respaldou a queda do dólar, diante do menor receio com a crise de dívida na zona do euro e com a lenta retomada dos EUA.
“O dólar disparou quando o mercado deu aquela piorada. O que está acontecendo é que, como subiu muito antes, o dólar agora está ajustando para baixo na mesma intensidade”, afirmou.
No mês passado, o dólar saltou 18 por cento, maior alta mensal em nove anos.
A menor apreensão do mercado teve suporte no reforço do combate aos problemas de dívida na zona do euro, depois que o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que ofecerá aos bancos duas novas injeções de capital por meio de financiamentos baratos de um ano e que comprará mais 40 bilhões de euros em “bônus cobertos” –ativos atrelados a empréstimos hipotecários ou ao setor público, considerados seguros.
A pauta norte-americana também ajudou a suavizar temores com a recuperação da maior economia do mundo. O número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego no país subiu menos que o previsto na semana passada, enquanto a média móvel de quatro semanas, considerada uma medida melhor das tendências do mercado de trabalho, caiu.
Ao longo do dia, também voltaram a circular especulações sobre um eventual corte no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre derivativos cambiais.
No final de setembro, uma fonte da equipe econômica disse à Reuters que a redução da alíquota do IOF, do atual patamar de 1 por cento para zero, sobre derivativos cambiais está engatilhada, mas o governo entende que ela somente sairá do papel se o mercado voltar a mostrar estresse intenso.
Na quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou a medida provisória do IOF sobre derivativos, anunciada pelo governo no final de julho, quando o dólar caíra para os menores níveis em 12 anos.