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Dólar fecha a R$ 4,05, maior valor da história do real

Incertezas sobre a situação fiscal e turbulências políticas no Brasil fizeram moeda americana superar o recorde anterior, de 3,99 reais, de outubro de 2002

Por Luís Lima e Eduardo Gonçalves
22 set 2015, 17h26

O dólar fechou nesta terça-feira a 4,05 reais, seu maior valor desde a criação do real, em 1994. A alta no dia, de 1,83%, foi puxada principalmente por incertezas sobre a situação fiscal do país e as turbulências políticas.

Antes desta terça, o valor mais elevado de fechamento havia sido o de 10 de outubro de 2002, quando a moeda encerrou a sessão a 3,99 reais. Na época, a valorização do dólar foi impulsionada especialmente pelas incertezas sobre os destinos do país com a possível eleição do então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), naquele momento uma incógnita para o mercado financeiro.

No cenário político, as atenções se concentraram na expectativa em torno da sessão conjunta da Câmara e do Senado, na qual os parlamentares vão decidir se mantêm ou derrubam vetos a projetos feitos pela presidente Dilma Rousseff. A derrubada, se ocorrer, atrapalha ainda mais os esforços fiscais do governo – os vetos tentam impedir gastos públicos de 127,8 bilhões de reais até 2019.

Em princípio, a sessão está prevista para começar às 19 horas, mas pode ser adiada, conforme estratégia da base governista. O governo passou o dia contando votos para avaliar se há condição de vitória. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu o adiamento da sessão e afirmou que uma derrota do governo seria uma “sinalização horrorosa” para o mercado. “Essas dificuldades que o governo enfrenta no Congresso deixam o país quase ingovernável do ponto de vista fiscal”, disse o operador da corretora SLW, João Paulo de Gracia Correa.

Apesar de a agência de classificação de risco Moody’s ter garantido que não vai mexer no rating brasileiro neste ano, os temores de novo rebaixamento continuam presentes nas mesas de operação. As atenções se voltaram principalmente para a Fitch Ratings, que tem uma equipe no Brasil para avaliar a situação econômica do país. Nos encontros com os técnicos da Fitch, o governo busca mostrar seu esforço para que não sofra novo rebaixamento. Vale lembrar que o rating brasileiro pela Fitch está dois níveis acima do “grau especulativo”. Para tirar o selo de bom pagador do Brasil, a agência precisaria, portanto, rebaixar o país em dois patamares.

Os economistas ainda veem a crise atual como mais grave do que a vivida em outubro de 2002. Guardadas as suas peculiaridades, a economia daquela época também se deparava com uma crise de confiança, mas que logo foi resolvida com os acenos de Lula ao mercado. “Naquela época a economia teve avanços institucionais, em termos de política econômica e manutenção do tripé econômico. Hoje, a economia está doente, os fundamentos estão machucados”, avalia a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

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O economista-chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira, diz que a alta do dólar deve pressionar a dívida bruta do país, mas, por outro lado, pode aliviar o setor externo, estimulando a competitividade da indústria. Ele acrescenta que a trajetória de ajuste passa pela desvalorização do real. “O ideal seria termos, aliado ao ajuste do câmbio, também o ajuste fiscal. Como não há, a intensidade de alta do dólar acelera”, explica.

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Exterior – O panorama externo tampouco ajudou o ânimo dos investidores. O dólar subia globalmente após uma série de integrantes do Federal Reserve, banco central americano, ressaltarem na segunda que podem dar início ao aperto monetário ainda neste ano, depois de postergar na semana passada esse movimento em meio a preocupações com a economia global. O salto da moeda dos EUA também deu força às apostas nas mesas de câmbio de que o BC pode ampliar ainda mais sua intervenção, já que cotações mais altas tendem a pressionar a inflação já elevada.

“(O dólar) vai continuar subindo, sabe-se lá até onde”, disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues. “O problema é a falta de credibilidade, o ambiente de incertezas. Não há leilão que segure”, acrescentou, referindo-se às intervenções do BC. O economista-chefe da FN Capital, Edgar de Sá, avaliou que, se a crise política continuar, o dólar pode seguir em alta. “É difícil cravar um valor, como 4,30 ou 4,50 reais. Mas uma coisa é certa: o mercado continuará pressionado, se as incertezas não diminuírem.”

(Com agências)

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