Por José de Castro
SÃO PAULO, 31 Jan (Reuters) – Após chegar a subir no meio da sessão, o dólar tornou a perder força e fechou em queda ante o real nesta terça-feira, em meio a fluxos pontuais de recursos e perspectivas de que o Brasil continue atraindo dólares nos próximos meses. No mês, a desvalorização ultrapassou 6 por cento.
A moeda norte-americana terminou em baixa de 0,13 por cento, para 1,7471 real na venda, nesta sessão, na mínima descendo a 1,7343 real. No acumulado de janeiro, a taxa de câmbio caiu 6,5 por cento, maior baixa mensal desde outubro, quando recuou 9,51 por cento.
Após operar em queda na maior parte da manhã, a taxa de câmbio passou a subir -na máxima alcançando 1,7540 real-, refletindo a piora no cenário externo após dados fracos sobre a economia norte-americana.
Mas, segundo operadores, prevaleceram no final do dia expectativas de que o mercado brasileiro seguirá atraindo recursos internacionais no curto e médio prazo, principalmente devido à série de emissões de empresas domésticas anunciadas recentemente.
A mais recente foi a da Petrobras, que deverá ser precificada nesta quarta-feira, segundo um investidor. A demanda por títulos em dólares que a estatal lançará no mercado internacional já chegava a 13 bilhões de dólares nesta tarde, ante 6 bilhões de dólares mais cedo nesta terça-feira, de acordo com o IFR, um serviço da Thomson Reuters.
O mês de janeiro registrou vários anúncios de emissões corporativas, como as de Bradesco, Banco do Brasil, Vale, CSN e Braskem, todas após o próprio governo captar recursos no exterior. Há expectativas de que o frigorífico Minerva possa anunciar uma captação no mercado internacional em breve.
Segundo dados mais recentes do Banco Central, já entraram no Brasil 6,654 bilhões de dólares líquidos em janeiro até o dia 20. O BC divulga números mais atualizado nesta quarta-feira.
“É muito dinheiro. Se esse fluxo continuar desse jeito a tendência é o dólar recuar mais, e então o BC pode entrar no mercado comprando”, afirmou o consultor financeiro da Previbank, Jorge Lima.
O BC parou de comprar dólares no mercado à vista em setembro do ano passado, quando o agravamento da crise de dívida soberana na Europa levou a uma disparada na taxa de câmbio. Mas a série de quedas da moeda neste mês voltou a acender a luz amarela no mercado, na medida em que a cotação aproxima-se de 1,70 real, patamar no qual o mercado acredita que aumentam as chances de o BC atuar.
“Por ora, o fluxo está favorável e o BC mantém-se inoperante, o que torna possível a taxa no patamar baixo”, afirmou em nota o diretor-executivo e economista a NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Moura Nehme, que prevê, no entanto, uma diminuição dos fluxos ao longo do ano e consequente alta do dólar, devido às incertezas envolvendo o exterior.