O dólar registra uma forte alta nesta sexta-feira, 29, refletindo a decepção dos investidores com o pacote de ajuste fiscal apresentado pelo governo. As medidas de contenção de gastos foram vistas como paliativas e insuficientes para resolver o problema fiscal do país. O que gerou maior frustração foi a inclusão de uma renúncia fiscal fora de hora: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5.000 reais. Por volta das 11h, a moeda era negociada aos 6,10 reais, superando o recorde histórico do dia anterior, quando fechou a 6 reais.
O Ibovespa opera com volatilidade. Às 11h, o índice recuava aos 124.100 pontos. O que pode aliviar a pressão e o desempenho das empresas exportadoras e dolarizadas, que se beneficiam da valorização do dólar.
Além das preocupações fiscais, o mercado também reagiu aos dados de emprego divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta manhã. A taxa de desemprego caiu para 6,2% no trimestre encerrado em outubro, o menor nível já registrado, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. Embora o aquecimento do mercado de trabalho seja um sinal positivo para a economia, ele traz o risco de pressões inflacionárias adicionais, o que pode forçar o Banco Central a intensificar o aperto monetário.
Diante do pacote fiscal que agravou as preocupações com o equilíbrio das contas públicas e dos sinais de uma economia aquecida, economistas já preveem que a taxa Selic poderá superar 14% ao ano, em uma tentativa de conter a inflação crescente.