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Dívida da Odebrecht chega a R$ 62 bilhões em 2012

Empresa contabiliza aquisições e expansões em diversas áreas, algumas que ainda não geram receita

Por Da Redação
20 Maio 2013, 11h10

Depois de se firmar como a maior empreiteira do Brasil, dominar o setor petroquímico com a Braskem e espalhar sua marca por áreas tão diferentes quanto a produção de etanol e a construção de submarinos, a Odebrecht começa a encarar a conta dessa trajetória fulminante nos últimos anos: a dívida do grupo disparou e atingiu 62 bilhões de reais em 2012, com bancos e investidores que compraram suas debêntures. Essa dívida está espalhada por várias empresas – e praticamente dobrou desde 2010. O débito cresceu 36% apenas em 2012, segundo o balanço consolidado do ano. As demonstrações foram publicadas no dia 25 de abril no Diário Oficial da Bahia e em um jornal daquele estado, onde fica o conselho de administração da Odebrecht.

Uma das consequências imediatas do aumento no endividamento foi um prejuízo consolidado de 1,58 bilhão de reais em 2012. No conjunto, as empresas da Odebrecht até tiveram lucro operacional de 4,6 bilhões de reais, mas esse desempenho foi corroído pelo crescimento das despesas financeiras decorrentes da dívida e, no fim, virou prejuízo. O grupo pagou 3,3 bilhões de reais em juros e seu balanço ainda sofreu impacto negativo de 3,5 bilhões de reais, consequência da valorização do dólar em sua dívida. “Sem a variação cambial, teríamos dado lucro”, afirma Felipe Jens, vice-presidente de Finanças do grupo.

Impactos – O impacto mais pesado nas contas do grupo Odebrecht vem de duas de suas principais apostas: a Braskem, indústria da área petroquímica, e a ETH, produtora de etanol. Nesses dois setores, nos quais a indústria como um todo enfrenta dificuldades, o grupo carrega dívidas que somam aproximadamente 20 bilhões de reais.

A ETH, que passou a se chamar Odebrecht Agroindustrial, ainda está em fase de investimento e desde 2007 o grupo já investiu quase 10 bilhões de reais na empresa, que já é a segunda do país em capacidade de moagem. Com os preços da gasolina na prática congelados pelo governo e as margens de lucro apertadas do etanol, a empresa teve prejuízo de R$ 898 milhões no ano passado.

O maior problema está na Braskem. Como a empresa responde por metade das receitas do grupo, seus resultados têm impacto direto nos números globais da Odebrecht. A empresa carrega uma dívida histórica, tomou dinheiro para fazer aquisições e financiar novos projetos. Ao mesmo tempo, enfrenta um mercado em momento difícil. A valorização do dólar no ano passado aumentou sua dívida, de mais de 12 bilhões de reais, provocando um prejuízo de mais de 700 milhões de reais em 2012.

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Fora dessas duas áreas problemáticas, o quadro da Odebrecht é bem mais animador. A empresa de empreendimentos imobiliários lucrou quase 300 milhões de reais no ano passado e a Odebrecht Transport, concessionária na área de transportes criada há menos de cinco anos, deu um resultado positivo de 268 milhões de reais.

Mas quem salvou o ano foi a Construtora Norberto Odebrecht (CNO), que deu origem ao grupo. A empresa foi responsável por um lucro de 804 milhões de reais no ano passado – 70% da receita da construtora veio de obras no exterior.

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Embora a receita tenha crescido 22% em 2012, totalizando 76 bilhões de reais, a dívida equivale hoje a pouco mais de 3,5 vezes o patrimônio líquido de 17 bilhões de reais da Odebrecht. Este ano, vencem compromissos de 9,2 bilhões de reais – 15% da dívida total. O restante são compromissos de longo prazo. Segundo Jens, o endividamento vem aumentando principalmente para bancar investimentos nos novos negócios do grupo. “É dívida para fazer investimento, com prazo de maturação compatível com a capacidade de geração de receita, custo adequado e na moeda correta”, afirma o executivo. “A dívida está crescendo porque a companhia investe, não é para cobrir buraco de empresa.”

Investimentos – Pelo balanço, o grupo investiu 12 bilhões de reais no ano passado. Boa parte dos negócios ainda está em fase pré-operacional ou devem começar a gerar receitas a partir de agora, como a Odebrecht Oil & Gas, ou novas divisões de concessões de serviços da Odebrecht Ambiental. “Quando começarem a gerar receita, a situação se reverte. Nosso desafio é �performar� para pagar as dívidas. E isso esta empresa sabe fazer”, afirma o vice de Finanças.

De acordo com o executivo, a situação hoje é muito diferente do que ocorreu entre o fim dos anos 90 e o começo dos 2000, quando o grupo investiu pesado em novas áreas, como papel e celulose e concessões de rodovias. Acabou se endividando além do suportável e precisou se desfazer de vários ativos, como as participações na indústria de celulose Veracel e na concessionária CCR.

“O momento é completamente diferente”, afirma Felipe Jens. “Grande parte daquela dívida era fruto de aquisições. Agora, temos muitos projetos que começam do zero e os financiamentos estão atrelados a projetos estruturados e a composição de risco é outra.” O plano já traçado para os próximos três anos prevê investimentos de 47,5 bilhões de reais, no Brasil e no exterior.

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(com Estadão Conteúdo)

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