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Dissidência de criptomoeda nacional REAU cria ativo ligado a energia solar

Nasce uma criptomoeda: ex-entusiastas de ativo meme que subiu e caiu meteoricamente lançam projeto com lastro no mundo real para financiar usina elétrica

Por Luisa Purchio
Atualizado em 27 jul 2021, 16h14 - Publicado em 27 jul 2021, 13h58

Depois do sucesso do bitcoin, que este ano se valorizou mais de 100% em reais e que rendeu lucros altos para quem soube operar a moeda, dezenas de criptomoedas são lançadas todo mês por empreendedores entusiastas da tecnologia. Dados da plataforma CoinMarketCap mostram que já foram criadas 5.800 criptomoedas. De acordo com a Binance, bolsa de criptomoedas e detentora da Binance Smart Chain (BSC), plataforma que dá suporte para quem quer lançar novos tokens, já são 762 criados desde 2017. Os tokens são criptoativos que rodam em uma blockchain (base de dados distribuída, sem dono, e que busca ser à prova de fraudes) já existentes.

No entanto, lançar uma criptomoeda é um tiro no escuro. Principalmente, quando a sua valorização depende do aumento de sua demanda. Nesses casos, o preço do ativo está vinculado à repercussão e credibilidade que alcança. Quanto mais ele for divulgado, mais pessoas vão comprá-lo, o que naturalmente impulsiona os valores. Este foi o caso vivido pela Vira-lata Finance. Mais conhecida como REAU, uma criptomoeda lançada por brasileiros em abril deste ano na esteira do sucesso da Dogecoin, o ativo criado em 2013 como uma piada, que tem como símbolo um cachorro e que acabou caindo nas graças do multibilionário Elon Musk.

Aproveitando o frenesi em torno da moeda estrangeira, um grupo de brasileiros nacionalizou a ideia criando a Vira-lata Finance, com o símbolo de um cachorro sem raça definida (o popular vira-lata) de cor caramelo, adotado pelas redes como uma espécie de símbolo nacional. Em maio, o ativo se valorizou mais de 1.000%, o que garantiu rendimentos impressionantes para alguns e parecia ser uma grande promessa de resultados para outros. Mas, desde então, ele vem caindo e se estabilizou em desvalorização de 40% frente ao seu lançamento, ainda que a comunidade que trabalha o ativo se esforce para alavancá-la por meio de memes, equipes de marketing e programadores que alimentam as redes sociais. Pode-se imaginar o tamanho da decepção de quem não vendeu a tempo de ver o investimento perdendo valor.

Em meio a esse momento, Daniel Medeiros, de 40 anos, empresário da área de entretenimento no Mato Grosso, e Germano Sales, empresário da área elétrica e construção civil em usinas em Minas Gerais, se conheceram na rede e faziam parte da Vira-lata Finance, mas saíram para criar um novo tipo de ativo menos baseado em memes e com mais estrutura de empresa. Também é diferente da REAU, que tem uma liderança descentralizada e anônima. “A nossa criptomoeda é descentralizada, mas não tem renúncia de liderança e nem vai ter. O controle de taxas é nosso”, diz Medeiros.

Isso significa que haverá um grupo de administradores à frente do projeto, atualmente composto por nove integrantes, entre eles, advogados que estão elaborando o contrato social e o registro de propriedade intelectual do modelo de negócios. Apesar de as criptomoedas ainda não serem regulamentadas pela Comissão de Valores Mobiliários, a ideia é deixar tudo pronto para quando isso acontecer, o que é esperado pelo grupo para o ano que vem.

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Batizada de Light DeFi, o criptoativo será operado no BSC e tem como objetivo construir uma usina de energia solar no interior da Bahia a partir das taxas que incidirão em cada transação do criptoativo. “O Brasil é o melhor lugar do mundo para produzir energia renovável, não precisaríamos estar na bandeira vermelha de preços”, diz Medeiros. “Queremos construir um modelo de negócios para ser um produtor energético de grande porte”, diz ele.

Em fase de finalização, o projeto do token define que a taxa de transação será de 10%. Decomposta esta porcentagem, 5% é direcionado para a construção da usina, 2% para os desenvolvedores e os custos do negócio, 1% para os detentores dos ativos, 1% para a carteira de liquidez e 1% para a “carteira morta”, que permite dar a escassez da moeda e consequentemente facilitar a sua valorização a cada transação. Já os lucros líquidos da usina serão divididos em 50% para reinvestimento nos próximos módulos da usina, 30% para compra de criptoativos e redistribuição aos detentores dos ativos e 20% para os desenvolvedores do projeto.

Após meses investindo tempo e dinheiro no REAU, Daniel e Germano desistiram do ativo no “zero a zero”, ou seja, sem prejuízo tampouco lucro. Perguntados sobre qual será o prejuízo que terão caso o Light Defi não dê certo, que envolve o investimento de aproximadamente 100 mil reais pelo grupo, Germano é enfático: “não vai dar errado. Nem que demore dez anos, uma hora ele vai virar. Os estudos mostram que no futuro 70% das transações terão criptomoedas envolvidas e 4% da população fará uso delas”, disse ele. Se este será um projeto que evita os altos riscos que têm se mostrado inerentes ao mundo dos criptoativos, o tempo dirá.

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