Diretora-gerente do FMI será julgada na França; pena inclui até prisão
Christine Lagarde foi indiciada por suposta negligência em milionária indenização do Estado concedida quando ela foi ministra da Economia do país
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, será julgada por suspeita de negligência na indenização milionária concedida pela França ao empresário Bernard Tapie em 2007. Na época, Lagarde era ministra da Economia da França.
Seu advogado, Yves Repiquet, afirmou à emissora i-Télé que a decisão é “incompreensível”, já que a procuradoria tinha solicitado à Corte de Justiça da República que desprezasse o caso. Repiquet adiantou que recomendará a Lagarde que apele da decisão da comissão de instrução do Tribunal.
Lagarde foi indiciada em agosto de 2014 por sua suposta negligência na designação de um tribunal de arbitragem privado que concedeu uma indenização de 403 milhões de euros a Bernard Tapie, conhecido por sua amizade com o então presidente francês, o conservador Nicolas Sarkozy. Essa arbitragem devia decidir se o empresário tinha sido prejudicado pela venda da empresa de equipamento esportivo Adidas nos anos 90.
Confiscada de Tapie, a empresa foi vendida pelo banco público Crédit Lyonnais por um preço muito inferior ao de mercado, segundo o empresário, que reivindicava uma indenização ao Estado. Após quase duas décadas de litígios, durante o mandato de Sarkozy, o governo decidiu que o caso fosse resolvido por um tribunal de arbitragem, que decidiu contra o Estado e a favor do empresário.
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Mas os magistrados da Corte de Justiça da República, única instância pagadora na França para julgar supostos delitos cometidos por ministros em sua etapa de governo, suspeitam que a designação desse tribunal privado pode ter sido decidida com intenção de favorecer Tapie.
No caso também estão acusados, entre outros, o ex-chefe de gabinete de Lagarde em 2007 e atual presidente do operador de telecomunicações Orange, Stéphane Richard, e o próprio Tapie, em ambos casos por “fraude em grupo organizado”.
Quando soube de seu indiciamento, Lagarde anunciou que não renunciaria a seu posto no FMI, e recebeu o respaldo da instituição econômica. Se for confirmada sua culpa, Lagarde estará sujeita a uma pena de até um ano de prisão e 15.000 euros de multa.
(Com EFE)