Diante de PIB fraco, governo estimulará investimento-Mantega

Por Frederico Rosas
SÃO PAULO/BRASÍLIA, 1 Jun (Reuters) – Diante do fraco desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre e da forte queda dos investimentos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira que o governo pode fazer uma nova rodada de redução de tributos para estimular o investimento.
“Há condições para continuarmos reduzindo impostos para setores que precisam desses estímulos”, afirmou em teleconferência a correspondentes estrangeiros para comentar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre passado.
“Há preocupação em reduzir tributos para os investimentos para diminuir custos da produção e isso será feito ao longo do ano”, acrescentou.
Mantega disse ainda, mas durante coletiva para a imprensa nacional, que governo vai estimular o crescimento econômico brasileiro mais por meio de política monetária do que fiscal, e que os investimentos vão mostrar recuperação no segundo semestre.
“O governo não tem necessidade de afrouxar a meta fiscal para estimular a economia…o Brasil dá segurança para os investidores porque a nossa situação fiscal é sólida”, afirmou Mantega. “É melhor continuarmos usando medidas de estímulo monetário”, acrescentou.
A meta cheia de superávit primário do setor público -economia feita para pagamento de juros- neste ano é de 139,8 bilhões de reais. Nesta semana, o Banco Central reduziu a Selic.
Nesta manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira que o PIB cresceu apenas 0,2 por cento no primeiro trimestre deste ano, quando comparado com o quarto trimestre de 2011. Em relação ao mesmo período do ano passado, a expansão foi de 0,8 por cento.
Mantega disse ainda que, a partir do segundo trimestre, a economia brasileira acelerou e que, neste período, será vista uma expansão acima da registrada entre janeiro e março passados. Para ele, a atividade estará com taxa anualizada de crescimento na segunda metade do ano de 4 a 4,5 por cento.
Para Mantega, é importante estimular o mercado de crédito no país e reforçou que os bancos públicos continuarão reduzindo os juros e os spreads bancários -diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final- caso as instituições privadas não façam.
O ministro disse ainda que o país, mesmo com a crise internacional, continua favorável para atrair investimentos. No trimestre passado, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) recuou 1,8 por cento sobre o quarto trimestre de 2011 e, segundo Mantega, foi afetada justamente pelas turbulências externas.
“O principal fomento da economia é reduzir juros e spreads”, afirmou ele.
Mantega disse ainda que o crescimento da economia no primeiro trimestre só não foi maior porque a agricultura teve desempenho fraco. Por outro lado, ressaltou que a expansão da indústria de transformação é um resultado positivo.
O ministro destacou que crescimento brasileiro segue sustentado pelo mercado interno e que a dependência do Brasil do mercado externo é menor do que a da China. E ao fazer essa menção, ele salientou a importância do mercado de trabalho.
“A geração de emprego no primeiro trimestre reforça o crescimento do mercado de consumo”, disse, acrescentando setores industrial e de serviços vão ficar mais dinâmicos a partir do segundo trimestre.
No acumulado do ano até abril, foram gerados 702.059 vagas novos de empregos no país, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
(Reportagem adicional de Luciana Otoni e Tiago Pariz)