Por Diogo Ferreira Gomes
RIO DE JANEIRO, 22 Mar (Reuters) – O desemprego brasileiro subiu para 5,7 por cento em fevereiro, ante 5,5 por cento em janeiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira. Apesar da elevação, a taxa é a menor para o mês desde o início da série histórica, em 2002.
A taxa de janeiro também havia sido a menor para o mês desde o início da série histórica.
Pesquisa da Reuters mostrou que, pela mediana das previsões de 19 analistas consultados, a taxa em fevereiro seria de 5,9 por cento. As estimativas variaram de 5,7 a 6,2 por cento.
Em fevereiro de 2011, a taxa ficou em 6,4 por cento, sendo que em dezembro passado chegou à mínima histórica de 4,7 por cento.
RENDIMENTO RECORDE
O rendimento médio real habitual dos ocupados chegou a 1.699,70 reais, o valor mais alto desde o início da série, com alta de 1,2% por cento em comparação com janeiro e de 4,4 por cento sobre fevereiro do ano passado.
Segundo o IBGE, tanto o total da população desocupada como o da população ocupada não tiveram variação na comparação com janeiro. A população ocupada somou 1,4 milhão de pessoas e a desocupada, 22,6 milhões.
Na comparação com fevereiro do ano passado, a população desocupada diminuiu 8,6 por cento, o que significa menos 130 mil pessoas. Já a população ocupada aumentou 1,9 por cento em relação a fevereiro de 2011, o que representou mais 428 mil pessoas.
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (11,2 milhões) não mostrou variação na comparação com janeiro e cresceu 5,4 por cento em relação a fevereiro do ano passado. O percentual representou a abertura de 578 mil postos de trabalho com carteira assinada em um ano, disse o instituto.
O IBGE informou ainda que, entre as seis regiões metropolitanas pesquisadas, “a taxa de desocupação registrou variação significativa somente em São Paulo, onde passou de 5,5 por cento para 6,1 por cento”.
O nível de ocupação (proporção de pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade ativa) não apresentou variação significativa em nenhum dos grupamentos de atividade, na comparação com janeiro.
Já na comparação com fevereiro de 2011, houve crescimento no grupamento Serviços prestados a empresas, aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira, com alta de 4,6 por cento, e em Educação, saúde e administração pública, com elevação de 3,7 por cento no nível de ocupação.
MERCADO AQUECIDO
Na avaliação de Fernanda Consorte, da equipe de Pesquisa Macroeconômica do Banco Santander, a taxa de desemprego de fevereiro confirmou que o mercado de trabalho continua aquecido, “o que pode dar espaço para acelerar o ritmo de crescimento do PIB nos próximos trimestres, especialmente do setor de serviços”.
O emprego é uma das principais preocupações deste ano para o governo, que por isso vem se empenhando para garantir um crescimento econômico na casa de 4 por cento no período. A atenção redobrou porque, em 2011, o país registrou expansão de apenas 2,7 por cento.
Para tanto, entre outros, o Banco Central acelerou o ritmo de corte nos juros básicos em 7 de março, de 10,50 para 9,75 por cento ao ano para estimular o consumo e, consequentemente, a atividade.
Além disso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem dito que o governo adotará medidas para incentivar a economia, sobretudo o setor industrial. Mas exigirá contrapartidas, como a manutenção de empregos.
O mercado de trabalho mostrou sinais de fraqueza recentemente. Em fevereiro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, a economia brasileira gerou 150.600 postos de trabalho em fevereiro, 57 por cento a menos do que no mesmo período do ano anterior.