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Desemprego foi de 7,4% no segundo trimestre de 2013

IBGE inicia divulgação da taxa de desemprego nacional, com a PNAD Contínua. Dado é mais preciso que o da Pesquisa Mensal de Emprego, que continha informações apenas de seis regiões metropolitanas

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
17 jan 2014, 10h14

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou na manhã desta sexta-feira, pela primeira vez, os resultados da nova medição da taxa de desemprego no país – com dados nacionais, mais abrangentes, e com previsão de periodicidade trimestral. A taxa de desemprego do país no segundo trimestre de 2013 foi de 7,4%, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – a pesquisa agora é chamada de PNAD “contínua” pelos pesquisadores. De acordo com a pesquisa, existiam 7,3 milhões de desempregados em todo o país no fim de junho do ano passado.

Quando comparados os trimestres, a taxa de desocupação apresentou estabilidade em relação ao segundo trimestre de 2012, quando foi de 7,5%. A taxa de desemprego também foi menor se comparada ao resultado de 8,0% no primeiro trimestre de 2013, quando havia 7,8 milhões de desocupados no país.

Além de apresentar um retrato mais preciso do mercado de trabalho nacional, a Pnad contínua jogou um banho de água fria em economistas, mais otimistas, que avaliavam que o mercado de trabalho brasileiro apresentava uma situação de “pleno emprego”. Esse conceito poderia ser aplicado se o país apresentasse uma taxa de desemprego de 4% ou 5%, defende o economista Paulo Sandroni, professor da Fundação Getúlio Vargas e autor do livro Dicionário de Economia do Século XXI. Em novembro de 2013, as seis principais regiões metropolitanas do país tinham apresentado uma taxa de desemprego de 4,6%, a menor desde 2002. Para o especialista, mesmo defasado, o novo dado do IBGE mostra que o mercado de trabalho brasileiro passa longe de uma situação de “pleno emprego”.

“Já não é possível chamar de uma situação de pleno emprego. Seria se a taxa nacional fosse de 4% ou 5%”, disse Sandroni ao site de VEJA.

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O Nordeste era a região com a maior taxa de desemprego do país no segundo trimestre de 2013, porque 10% da força de trabalho estava desempregada no período. Já a região Sul tinha a menor taxa de desemprego, de 4,3%. No Sudeste, a taxa foi de 7,2%; no Norte, de 8,3%, e no Centro-Oeste, de 6,0%.

Desse contingente de desempregados, 36,4% tinham o ensino médio completo. Trabalhadores com idade de 25 a 39 anos eram a faixa etária com maior presença entre o universo de desocupados, representando 37,7% dos 7,3 milhões de indivíduos sem trabalho.

Tony Volpon, diretor de pesquisa econômica para as Américas do banco Nomura, avalia que a situação do mercado de trabalho é preocupante pelo fato de o crescimento econômico continuar fraco. A última projeção do mercado é que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços do país) cresceu 2,28% em 2013, depois de uma expansão de 1% em 2012, depois de uma expansão de 2,7% em 2011. Só que, com tal magnitude de expansão, o avanço da renda do trabalhador fica igualmente limitado.

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“Emprego sem crescimento significa que a renda desses empregos vai ser baixa”, disse Volpon.

A divulgação desta sexta-feira é o início do novo formato de acompanhamento do nível de emprego. A Pnad Contínua vai substituir, aos poucos, a PNAD e a Pesquisa Mensal do Emprego (PME), que coletava o desemprego mensal nas principais regiões do país. A taxa de desemprego das seis principais regiões metropolitanas – formato adotado até então – deixará de ser divulgada mensalmente a partir do fim deste ano.

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A transição da divulgação ocorrerá em etapas até o fim deste ano. Por isso, a PME continuará a ser apresentada, com os dados mensais, até o resultado de dezembro de 2014. Com a nova PNAD Contínua, as informações do mercado de trabalho serão apresentadas trimestralmente, para todo o país e por unidade da federação. A PME só divulga esses dados para as regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Recife. Anualmente, serão anunciados indicadores estruturais de educação e imigração, com mais detalhes do que na pesquisa antiga.

A abrangência da PNAD Contínua será maior do que o modelo anterior. Serão entrevistados moradores de 3.464 municípios nesta nova versão, contra 1.100 cidades na modalidade anterior. O IBGE informou que ainda estuda se conseguirá apresentar uma taxa de desemprego mensal, em escala nacional, a partir de 2015. A mudança para uma periodicidade trimestral, em troca de uma abrangência nacional das informações, foi defendida pelo instituto, com a justificativa de que em poucos meses pesquisados houve variação “significativa” na taxa de desemprego. “Estudos do IBGE mostram que as variações mensais geradas pela PME, para vários indicadores, não são significativas”, diz apresentação do IBGE.

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Como são metodologias e períodos diferentes, não é possível estabelecer comparações precisas. Mas os dados revelados esta manhã confirmam a expectativa de economistas dedicados ao estudo do mercado de trabalho no Brasil, que acreditavam que o dado trimestral, agora nacional, deverá revelar uma taxa ligeiramente maior que os dados mensais. Foi exatamente o que aconteceu. Em junho de 2013, o desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país tinha sido de 6% – na falta de um dado mais abrangente, era essa a taxa interpretada como desempenho do mercado de trabalho no país.

Mesmo sem garantir que o país terá uma taxa nacional de desemprego a partir de 2015, Cimar Azeredo, coordenador de Emprego e Rendimento do IBGE, disse que estudos mostram que isso seria possível, embora ainda não existam indicações nesse sentido para uma divulgação do rendimento médio mensal nacional. O pesquisador afirmou, no entanto, que é preciso analisar as dificuldades materiais para levar essa ideia à frente. “Em termos de recursos, ficaria difícil uma coleta nacional nesse modelo”, disse Azeredo.

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