Desafio da Vale em 2016 será o de recuperar imagem
Tragédia do rompimento da barragem de sua controlada Samarco, em Mariana, arranhou imagem da mineradora, que agora tenta se recompor

A Vale vai enfrentar neste ano velhos problemas e um desafio adicional: recuperar a imagem arranhada pela tragédia do rompimento da barragem de sua controlada Samarco, em Mariana (MG). Há um ano, o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, previa um cenário difícil em 2015 frente à queda dos preços do minério de ferro e dificuldades na economia global em meio à implantação do bilionário projeto S11D, em Carajás (PA).
Naquela época, a tonelada da commodity estava cotada a 68 dólares, quase 30 dólares acima do preço atual, e nem as projeções mais nebulosas cogitavam que a empresa enfrentaria o fator Samarco. O inferno astral da Vale se refletiu diretamente em sua performance na bolsa de valores e, diante da situação econômica do Brasil, levou ao rebaixamento de seu rating por agências de classificação de risco como Moody’s e Fitch.
Como disse o próprio Ferreira, a estratégia de redução de custos e disciplina de capital foi “ofuscada pelo trágico acidente”. No dia 18, a Justiça Federal de Minas Gerais determinou o bloqueio de bens da Samarco e das acionistas Vale e BHP Billiton em ação civil pública movida pela União, reforçando a expectativa de que a Vale terá de arcar com os danos do acidente.
A ação preferencial da Vale fechou o ano valendo 10,25 reais, contra 18,16 reais de 2014. O tombo dos papéis desde janeiro supera os 40%, enquanto o Ibovespa recuou cerca de 13%. Em 2015, a companhia perdeu 49 bilhões de reais em valor de mercado. Só no período que se seguiu ao desastre da Samarco, foram pelo ralo cerca de 25 bilhões de reais.
Hoje, a mineradora vale 58,3 bilhões de reais na bolsa, a maior perda nominal de valor entre as empresas da carteira do Ibovespa, segundo dados da Economática.
Com a cotação do minério agora batendo o piso da última década e a demanda enfraquecida, a Vale terá mais dificuldades em assegurar boas margens. A expectativa de analistas é que dificilmente os preços se recuperarem de forma significativa antes de 2017.
Ao mesmo tempo, o acidente da Samarco deve prejudicar o balanço da companhia. A Vale projeta perda de receita de 543 milhões de dólares em 2016 por causa da perda de produção e dividendos com o acidente. Mas o prejuízo total referente a eventuais multas e indenizações ainda é incerto e pesa como uma espada sobre a companhia.
Leia mais:
Inflação só deve recuar com força no 2º semestre
Dilma aumenta imposto sobre vinho, cachaça e smartphone
(Com Estadão Conteúdo)