Déficit em conta corrente soma US$ 5,4 bi em abril
Número é 50% maior que o saldo negativo de 3,598 bilhões de dólares visto um ano antes
O balanço de pagamentos do Brasil, que mostra as transações externas de capitais, registrou superávit de US$ 7,7 billhões em abril, segundo a nota do Setor Externo divulgada nesta quinta-feira pelo Banco Central (BC). As transações correntes registraram déficit de 5,403 bilhões de dólares no mês passado, o maior para meses de abril da série histórica, informou o Banco Central (BC) nesta quinta-feira. O número é 50% maior do que o saldo negativo de 3,598 bilhões de dólares visto um ano antes.
O resultado do mês passado, que veio em linha com o esperado pela autoridade monetária, não foi compensado totalmente pelos Investimentos Estrangeiro (IED) que ficaram em 4,669 bilhões de dólares em abril. Para chefe-adjunto do departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, as reduções nos fluxos de IED tem ocorrido mais por causa da comparação com as bases elevadas de ingresso em 2011, com saldo positivo de 66,7 bilhões de dólares.
Ele evitou fazer avaliações entre o cenário externo mais conturbado e a balança de pagamentos daqui para frente, apesar de trazer projeções mais negativas. Sobre o IED, por exemplo, a autoridade monetária projeta entradas líquidas de apenas 3 bilhões de dólares em maio, sendo que até o dia 22, já haviam ingressados 2,1 bilhões de dólares. Para o déficit em transações correntes, as contas para maio também são de 3 bilhões de dólares.
No mercado de capitais, também há sinais de possível deterioração. Segundo o BC, o investimento estrangeiro em ações no Brasil registrou queda de 1,746 bilhão de dólares na parcial de maio até o dia 22, sendo que em abril, o saldo estava positivo em 649 milhões de dólares. Ao ser questionado sobre o risco de fuga de capitais no Brasil diante do agravamento da crise externa, Rocha disse que não há indicações sobre essa possibilidade. “Não há indicações disso”, afirmou ele, acrescentando que os investimentos em ações são “voláteis.”
As aplicações externas em renda fixa no Brasil, apesar de indicarem alguma melhora neste mês, ainda mostram fraqueza. Em maio, até o dia 22, o saldo estava positivo em 588 milhões de dólares, sendo que em abril o superávit era de 117 milhões de dólares.
O BC mostrou ainda que o fluxo cambial – entrada e saída de moeda estrangeira do país- continuou negativo. Neste mês, também até o dia 22, ele estava negativo em 1,159 bilhão de dólares, com a conta comercial positiva em 3,986 bilhões de dólares e a conta financeira – que engloba o IED e investimentos em portfólio, entre outros – negativa em 5,114 bilhões de dólares.
Balanças e remessas – Segundo a autoridade monetária, o rombo nas contas correntes em abril se deveu, entre outros, ao baixo superávit da balança comercial de 882 milhões de dólares e às remessas de lucros e dividendos feitas pelas multinacionais instaladas no país, que somaram 2,420 bilhões de dólares.
Com isso, o dado no quadrimestre para remessas fechou em 5,894 bilhões de dólares, quase 50 por cento inferior a igual período do ano passado. Segundo Rocha, em maio até o dia 22, as remessas estavam em 1,440 bilhão de dólares, e essa queda está associada a dois fatores: câmbio (dólar mais forte frente ao real) e enfraquecimento da atividade econômica no país.
Em abril, também se destacaram as despesas líquidas com viagens internacionais, que somaram 1,251 bilhão de dólares no mês passado.
O BC projetava que a conta corrente do país ficaria negativa em 5,2 bilhões de dólares em abril e que o IED chegaria 5 bilhões de dólares.
Em março, o déficit em transações correntes do país havia ficado em 3,320 bilhões de dólares, queda de mais de 40 por cento sobre o mesmo período de 2011, por causa da melhor performance da balança comercial e das menores remessas de lucros e dividendos das multinacionais instaladas no país.
O BC tem atuado no mercado cambial desde o final da semana passada, por meio de leilões de contratos de swap cambial reverso -que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro-, para evitar que a moeda norte-americana suba muito.
O dólar, neste período, ultrapassou a barreira de 2 reais, algo que não acontecia há cerca de 3 anos.
(com agência Reuters)