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De saída, Levy diz que governo parece ter medo de reformas

Embora não diga com todas as letras, ministro da Fazenda praticamente admitiu que deixará o cargo, em entrevista a jornal, na noite desta quinta-feira

Por Da Redação
18 dez 2015, 10h44

Em meio a rumores que dão como certa a sua saída do governo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, praticamente admitiu sua posição de demissionário, em entrevista por telefone, ao jornal O Estado de S. Paulo, na noite desta quinta-feira. Sem esconder o cansaço na voz, o ministro evitou fazer a afirmação com todas as letras, mas aproveitou para fazer críticas à gestão Dilma Rousseff.

Levy referiu-se ao governo como se já estivesse fora dele. “O governo só fala do fiscal. Por quê? Eu não sei. Nunca entendi. Parece que tem medo de reforma, não quer nenhuma reforma”, disse. São cotados par assumir a pasta o atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro.

Questionado sobre o porquê de a presidente Dilma Rousseff não fazer reformas propostas por ele, Levy desconversou. “Eu não posso falar pelos outros. Tem questões políticas. Ela está sob pressão”, disse.

O ministro discorreu sobre o que considerou seus maiores avanços, como a retomada da credibilidade econômica. Disse ter conseguido evitar mais “pedaladas” e brincou, dizendo que agora o seu caminho “é de paz interior”. “Estou tranquilo. Hoje o presidente (do BC, Alexandre) Tombini estava falando como o setor externo se recuperou. Porque a gente teve o realinhamento do câmbio. Você viu como o setor elétrico está se recuperando, porque teve o realinhamento dos preços do setor”, disse.

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“Mês passado teve o leilão [de hidrelétricas], de 17 bilhões de reais, sem precisar tomar tudo emprestado do BNDES. Essa é uma reforma. Fazer uma privatização, uma outorga, sem ter de tomar dinheiro do próprio governo para pagar o governo, além de mostrar que você não precisa fazer tudo dependendo 100% do BNDES, você cria uma situação na qual eu evitei uma pedalada”, completou Levy.

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Despedida – Segundo participantes, Levy encerrou a reunião do Conselho Monetário Nacional (CNN), nesta quinta-feira, informando que não participará do próximo encontro do colegiado, marcado para o dia 21 de janeiro. O anúncio oficial da sua saída só não foi ainda oficializado porque a presidente Dilma Rousseff não conseguiu definir o nome que irá substituí-lo.

O embate público do ministro em torno da meta fiscal de 2016 precipitou os acontecimentos. Levy defendia uma economia de 0,7% do PIB para o ano que vem, mas o governo optou por um número menor, de 0,5%. Um dia após a redução da meta, o Brasil perdeu o selo de bom pagador dado pela Fitch.

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Auxiliares diretos da presidente dizem que a substituição poderá acontecer a qualquer momento, com grandes chances de ser antes do Natal. Embora não fosse o motivo do encontro, na quarta-feira, à noite, a saída de Levy foi um dos temas tratados na reunião da presidente Dilma com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, três ministros e o presidente do PT, Rui Falcão, no Palácio da Alvorada, que terminou perto da meia noite.

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Cotados – O ex-presidente Lula, que vinha batendo na tecla e insistindo em emplacar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, agora, demonstra simpatia pelo senador Armando Monteiro, atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Um grupo de senadores também trabalha por Monteiro, que também é ex-presidente da Confederação Nacional de Indústria (CNI).

Enquanto isso, os petistas trabalham arduamente para que Dilma opte por uma solução caseira, limitando-se a transferir Nelson Barbosa do Planejamento, para a Fazenda. Essa ideia, no entanto, é rejeitada por muitos outros setores do governo.

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Esta semana, chegou-se a dizer que o currículo de Otaviano Canuto, diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), estava sobre a mesa do gabinete da presidente Dilma no Planalto, sob apreciação.

O fato é que a presidente já estava em busca do substituto de Levy e estava tentando evitar que fosse surpreendida com uma nova ameaça ou saída súbita dele, prejudicando ainda mais o clima político que toma conta do país, com o andamento do seu processo de impeachment no Congresso.

(Com Estadão Conteúdo)

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