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Curitiba tem maior número de famílias endividadas do país

Na cidade, 88% das famílias possuem dívidas, aponta estudo da Fecomercio. O valor do endividamento médio mensal é de 1.608 reais

Por Da Redação
21 jun 2011, 19h57

Endividamento das famílias cresceu, em um ano, o equivalente ao orçamento de um Bolsa Família

Porto Alegre é a capital com o maior valor de endividamento médio mensal, de 2.145 reais

Natal é a capital onde as famílias destinam a maior parcela da renda para dívida: 39% do orçamento

Curitiba possui o maior porcentual de famílias endividadas entre todas as capitais brasileiras. Na cidade, 88% do total das famílias têm dívidas. O valor da dívida média mensal é de 1.608 reais, correspondente a um comprometimento de 27% da renda domiciliar. Porto Alegre é a capital em que foi constatado o maior valor de endividamento médio mensal, com 2.145 reais, o que corresponde ao comprometimento de 30% da renda. Já a capital onde as famílias destinam a maior parcela da renda mensal ao pagamento de dívidas é Natal, com 39% do orçamento, o equivalente a uma dívida média mensal de 1.531 reais.

Estas são algumas das constatações do estudo “Radiografia do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras”, feito pela Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP) entre janeiro e maio. De acordo com o economista da entidade, Altamiro Carvalho, embora, de forma geral, as famílias brasileiras tenham um perfil conservador, algumas capitais apresentaram um grau de endividamento muito acima da média.

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“Temos alguns sinais de alerta. Em Curitiba, por exemplo, o aumento real da dívida das famílias, de janeiro a maio do ano passado para o mesmo período deste ano, foi de 59%. Em Natal, o aumento foi de 39%, contra uma média de 24% entre todas as capitais. Em Porto Alegre, a dívida média mensal das famílias foi de 2.145 reais, contra uma média nacional de 1.527 reais”, afirmou. “Pode ser algo pontual, passageiro, mas também pode ser algo crônico.”

Tranquilidade – Na avaliação de Carvalho, nessas três capitais, qualquer problema que ocorra em termos de renda e emprego pode ser preocupante. “Mas as famílias brasileiras mostram, em média, um cuidado na administração de crédito, tomando as medidas necessárias para manter o orçamento, o que afasta as teorias catastrofistas de um “subprime” da inadimplência”, afirmou. “Isso só ocorreria se houvesse algo muito grave que viesse a comprometer a renda e o emprego, o que não é o caso até o momento. Se esses indicadores ficarem estáveis e a taxa de desemprego continuar baixa, a possibilidade de ocorrer alguma coisa grave com a inadimplência é pequena.”

De acordo com a Fecomercio-SP, o total mensal estimado da dívida das famílias nas capitais passou de 10,9 bilhões de reais de janeiro a maio de 2010 para 13,5 bilhões de reais no mesmo período deste ano – valor que corresponde, em termos aproximados, ao orçamento anual do Bolsa Família, segundo a entidade. O valor médio mensal de dívida por família passou de 1.298 reais de janeiro a maio de 2010 para 1.527 reais no mesmo período deste ano, considerando a inflação no período. Segundo a entidade, considerando a taxa média de juros nos empréstimos, de 43% ao ano, é possível afirmar que, desses 13,5 bilhões de reais, 5,8 bilhões de reais correspondem exclusivamente ao custo dos empréstimos.

Para fazer o estudo, a Fecomercio-SP utilizou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), contagem populacional, Pesquisa Mensal de Emprego (PME), Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) e taxas mensais de endividamento e comprometimento da renda constantes da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Os valores foram trazidos a preços de maio para viabilizar a comparação.

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Desaceleração do consumo – Na avaliação de Carvalho, o estudo mostra que o crédito puxou o crescimento robusto das vendas do comércio no ano passado e foi responsável por sua manutenção nos dois primeiros meses deste ano. A partir de março, porém, a entidade constatou forte desaceleração do consumo devido às medidas macroprudenciais adotadas pelo governo – responsáveis pelo aumento das dívidas das famílias entre janeiro e maio. “Entre dezembro e abril, os juros subiram 6,2 pontos porcentuais (p.p.), o que fez com que as dívidas aumentassem 5,2 bilhões de reais.”

Mas, segundo ele, apesar do crescimento da participação do crédito, o nível de comprometimento médio da renda mensal das famílias com dívidas permaneceu em 29% no período da pesquisa, o que é considerado um índice saudável. “Um número acima de 50% apontaria algum risco. Nos Estados Unidos, por exemplo, a média fica entre 70% e 80%”, afirmou. Esse fator, avalia Carvalho, aliado ao sistema de proteção adotado pelos bancos na concessão do crédito e às taxas de juros cobradas, faz com que o sistema financeiro, na avaliação da Fecomercio-SP, torne-se praticamente imune a uma eventual elevação da inadimplência.

São Paulo – Em São Paulo, o estudo apurou que existem 1.797.179 famílias endividadas, ou 20% do total. O número de famílias é maior que a soma de 15 capitais – São Luís, Goiânia, Natal, João Pessoa, Teresina, Campo Grande, Aracaju, Cuiabá, Florianópolis, Porto Velho, Rio Branco, Macapá, Vitória, Boa Vista e Palmas. Apesar disso, apenas 50% das famílias estão endividadas, ante uma média de 62% nas capitais, informou o economista.

Segundo Carvalho, embora as vendas do comércio tenham caído em março e abril na capital paulista, o volume de crédito continua crescendo. “Isso mostra que a tomada de crédito serviu não para o consumo, mas para o pagamento de prestações, pagamento de juros e troca de uma dívida mais cara por outra mais barata”, afirmou. Também segundo ele, durante todo o ano passado, as famílias pagaram 129 bilhões de reais em juros, volume que corresponde a 52 dias de consumo varejista no país, ou 14% do total. “Se a taxa de juros brasileira fosse metade do que ela é, permaneceria alta e o comércio teria crescido mais 7% no ano passado”, afirmou.

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(com Agência Estado)

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