Cristina Kirchner volta atrás no calote e pede condições ‘mais justas’
Presidente da Argentina afirmou que está 'disposta a dialogar' com credores sobre renegociação da dívida
A despeito da sinalização de calote do ministro da Economia argentino, Axel Kicillof, a presidente Cristina Kirchner expressou nesta sexta-feira a intenção de pagar 100% dos credores da dívida, mas pediu garantias de poder negociar em condições “justas e equitativas”. Durante a celebração do Dia da Bandeira na cidade de Rosário, Cristina assegurou que essas condições são necessárias para a negociação, afirmando que a Argentina já “deu mostras” de ser capaz de realizar os pagamentos. “Queremos pagar 100% dos credores, os 92,4% que aceitaram a troca (de dívida entre 2005 e 2010) e também os que não. Só pedimos que nos deem condições de negociação justas e de acordo com a Constituição argentina, as leis nacionais e os contratos que assinamos”, ressaltou.
Cristina quer convencer os credores de que “está disposta a dialogar” e anunciou que deu instruções ao ministro da Economia para que os advogados que representam o país solicitem ao juiz nova-iorquino Thomas Griesa melhores condições de negociação.
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A Argentina está em risco de moratória após a decisão da Suprema Corte americana, que na segunda-feira deixou fixada definitivamente uma sentença do juiz nova-iorquino Thomas Griesa que obriga o país a pagar aos fundos de hedge bônus no valor de 1,3 bilhão de dólares, uma dívida que, com juros, pode alcançar 1,5 bilhão de dólares. Em discurso na noite de segunda-feira, a presidente Cristina Kirchner havia dissipado a possibilidade de calote. Porém, sua defesa perdeu credibilidade depois de Kicillof afirmar que não havia condições de respeitar o pagamento diante das condições impostas pela Corte americana.
O calote sinalizado na quarta se refere aos chamados de ‘fundos abutres’, que não aceitaram a reestruturação da dívida da Argentina proposta pelo governo Kirchner em 2010. Caso a Argentina aceite os termos definidos pela Justiça americana, abrirá jurisprudência para que outros credores busquem ressarcimento, inclusive aqueles que haviam aceitado a reestruturação da dívida. Segundo a Moody’s, isso pode elevar os desembolsos da Argentina para 15 bilhões de dólares.