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Crédito e renda ampliam demanda por carro mais completo

"Brasileiro não quer mais saber de carro 1.0", diz consultora. "A indústria vai ter que melhorar nossos produtos. Estamos fabricando carroças", completa

Por Da Redação
22 mar 2012, 07h00

O crescimento da renda das famílias brasileiras tem impulsionado não só o volume de vendas de veículos, mas de veículos mais bem equipados que alguns anos atrás, o que tem obrigado montadoras instaladas no país a incrementar suas ofertas diante da concorrência de importados mais recheados e de exigência cada vez maior dos consumidores.

Equipamentos antes referência de veículos mais luxuosos como câmbio automático, freios ABS, airbags e sensores de estacionamento estão se popularizando e começam a se tornar itens que já saem de fábrica, após figurarem por muito tempo como opcionais em lojas no país. Isso antes da obrigatoriedade de inclusão de ABS e airbags nos automóveis produzidos no Brasil a partir de 2014.

A tendência vem se fortalecendo diante de um mercado interno que deve voltar a bater recorde de vendas em 2012 e de um quadro cambial que favorece importação de modelos mais sofisticados que chamam atenção dos consumidores e obrigam o governo a tomar medidas para conter o fluxo de veículos vindos do exterior, segundo analistas consultados pela Reuters.

“Brasileiro não quer mais saber de carro 1.0”, disse a diretora da consultoria MB Associados Tereza Fernandez. “A indústria vai ter que melhorar nossos produtos, não tenho a menor dúvida. Estamos fabricando carroças.”

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Um exemplo do quadro é o novo sedã Cobalt, da General Motors, cuja versão mais simples sai de fábrica com direção hidráulica, ar condicionado e travas elétricas.

“Normalmente, há alguns anos, isso era quase inviável. Hoje, justamente para atender às solicitações dos clientes, já ocorre esse tipo de oferta”, informou a assessoria de imprensa da montadora norte-americana.

Segundo dados da associação de montadoras Anfavea, a participação dos veículos com motor 1.0, normalmente os modelos nacionais menos equipados do mercado, no total das vendas do país em fevereiro foi a menor desde 1994, correspondendo a 42,6%.

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Enquanto isso, as vendas de veículos com motores entre 1.000 e 2.000 cilindradas, que costumam ser mais equipados e incluem modelos importados, atingiu 56,5%, um dos níveis mais altos dos últimos anos.

“Antigamente as pessoas compravam o carro pelado e ficavam um ano equipando”, afirmou à Reuters o presidente da associação de distribuidores de veículos Fenabrave, Flavio Meneghetti. “Hoje, com renda maior, mais competitividade e financiamento, muitos do que compravam automóveis passaram a comprar SUVs (utilitários esportivos) que são carros mais completos.”

SUVs – O segmento de SUVs integra o conjunto de comerciais leves, que inclui vans e picapes e que em 2011 cresceu suas vendas em 14% ante leve expansão de 2,9% nos licenciamentos de automóveis. O segmento é praticamente formado por veículos importados, com os compactos EcoSport, da Ford, e o mais recente Duster, da Renault, como representantes nacionais.

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Segundo Meneghetti, com o aumento da exigência do consumidor e das opções de financiamento, a distância entre os veículos nacionais e importados tende a diminuir pois a “indústria local não pode se acomodar”.

Ele comentou, no entanto, que outra tendência do mercado nacional é a evolução de motores menores, mas mais potentes, permitindo a alimentação de dispositivos como ar condicionado com mais eficiência.

“No início dos anos de 1990, motores 1.0 tinham 48 cavalos, hoje eles estão desenvolvendo 66 cavalos. A indústria está tirando água de pedra”, comentou Meneghetti.

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Segundo o presidente da associação de montadoras Anfavea, Cledorvino Belini, a indústria terá de investir em desenvolvimento tecnológico para enfrentar o incremento da exigência dos consumidores. “Este é o lado positivo da mudança na pirâmide social brasileira, entendemos que a motorização 1.0 vai ser sempre significativa”, disse Belini, no início do mês.

Para o diretor do Centro de Estudos Automotivos, Luiz Carlos Mello, a questão passa também pelo lado financeiro das montadoras, uma vez que o incremento de dispositivos nos veículos ajuda na margem de lucro.

“Em carros pequenos, as montadoras só ganham pelo volume de produção e de vendas. O lucro do carro pequeno é muito modesto. Com a instalação de componentes opcionais, a montadora ganha mais”, comentou.

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Importados – Segundo ele, apesar de o governo brasileiro tentar limitar a importação de veículos no país, revendo o acordo automotivo com o México e aumentando o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos modelos fabricados fora do Mercosul.

“As pessoas compram com crédito e com crédito é possível comprar um veículo mais encorpado e aí também entram os importados. Por mais que o governo estabeleça medidas artificiais, o mercado está aí.”

“Os fabricantes, com certeza, vão olhar o segmento (de SUVs) de maneira mais aberta do que fizeram até agora. A pressão da concorrência dos importados deve levá-los a essa consideração. Quer queiram, quer não.”

Indicativo do comentário de Mello, o governo do Espírito Santo assinou no início do mês um acordo para a construção de uma fábrica da Brasil Montadora de Veículos, que além de automóveis, produzirá SUVs das marcas chinesas Changan e Haima e da sul-coreana Ssangyong.

(Com agência Reuters)

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