Por Tiago Pariz
BRASÍLIA, 26 de outubro (Reuters) – O crédito total disponibilizado pelo sistema financeiro no Brasil acelerou sua expansão em setembro, impactado em parte pela queda da taxa básica de juro.
A alta foi de 2,1 por cento em setembro, chegando a 48,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ou 1,929 trilhão de reais, segundo dados do Banco Central (BC) divulgados nesta quarta-feira.
Em agosto, a expansão havia sido de 1,7 por cento. O crescimento no mês passado foi influenciado, segundo o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, por efeitos da depreciação cambial nos estoques de lastreados em moeda estrangeira e pelo ambiente de redução nos custos dos empréstimos, com o ciclo monetário iniciado recentemente.
“A expansão do crédito ocorre, em linhas gerais, num ritmo moderado, num ambiente de redução nos custos dos empréstimos que reflete reflete o ciclo monetário que estamos iniciando”, afirmou Maciel.
No final de agosto, o BC começou a reduzir a Selic, movimento que, até o momento, já chega a 1 ponto percentual. A taxa básica de juros do país está hoje em 11,50 por cento ao ano.
Maciel também informou que está mantida a projeção de crescimento de 17 por cento do crédito neste ano. Na avaliação de Maciel, esse é um ritmo mais sustentável do que o apurado nos anos anteriores. “Em termos nominais é bem mais razoável do que esses percentuais dos anos anteriores,” disse.
A participação do crédito consignado no crédito pessoal, manteve-se estável em 58,9. O ápice ocorreu em dezembro de 2010, quando era de 61 por cento. A queda, segundo Maciel, deve-se às medidas macroprudenciais de contenção do crédito. “Desde a adoção das medidas, tem caído,” afirmou.
A moderação também está sendo refletida no consumo, efeito ainda do aumento da taxa básica de juros no primeiro semestre. “É o padrão de moderação que se vê ao longo do ano, em reflexo das medidas de política monetária lá atrás –a taxa de juros e as macroprudenciais”, reforçou o chefe do departamento econômico.
INADIMPLÊNCIA
Os dados do BC mostraram ainda que a inadimplência geral ficou estável em 5,3 por cento em setembro frente a agosto. Para pessoa física, também houve estabilidade, em 6,8 por cento, enquanto que para empresas, houve leve redução de 3,9 por cento para 3,8 por cento no período.
O spread bancário –diferença entre custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final– aumentou de 27,8 pontos percentuais em agosto para 28,1 pontos percentuais no mês passado.
Para pessoas físicas, o spread ficou em 35 pontos percentuais, enquanto que para as empresas, ficou em 18,9 pontos percentuais no mês passado.
O BC também divulgou a Taxa Preferencial Brasileira (TPB) com dados disponíveis de agosto, que ficou em 17,8 por cento ao ano, com expansão de 0,4 ponto no mês.
A taxa média de juros em setembro ficou em 39 por cento ao ano, queda de 0,7 ponto percentual sobre agosto e o menor índice desde fevereiro deste ano. Para as pessoas físicas, as taxas ficaram em 45,7 por cento no mês passado, frente 46,2 por cento em agosto, menor desde maço. Para empresas, as taxas ficaram em 30 por cento em setembro, contra 30,9 por cento no mês anterior, a mais baixa desde janeiro.
PARCIAIS
Em outubro até o dia 13, a taxa média de juros manteve-se estável, com leve alta de 0,1 ponto para pessoa física, para 45,8 por cento, e redução marginal para empresas de 0,1 ponto, para 29,9 por cento.
As concessões totais, apurado na média diária também até dia 13, permaneceu estável, com crescimento de 1,1 por cento para pessoas físicas e queda de 0,9 por cento para pessoas jurídicas.
O estoque de crédito comparado com os oito primeiros dias úteis de setembro teve alta de 1,8 por cento. Para as pessoas físicas, a alta era de 1,7 por cento e para as pessoas jurídicas, 2 por cento.
(Reportagem adicional de Alonso Soto; Edição de Vanessa Stelzer)