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Copom viverá dias decisivos a partir de abril

O começo do segundo trimestre vai indicar se a economia brasileira voltou para o eixo da inflação em queda e do crescimento ou se o governo terá que repensar a política econômica

Por Márcio Kroehn
6 mar 2013, 20h46

O economista Carlos Kawall, do banco J.Safra, foi o primeiro a assumir publicamente que aposta em uma alta da taxa básica de juros, a Selic, a partir de abril. Em relatório distribuído aos clientes em fevereiro, ele argumenta que as preocupações do Banco Central e do ministério da Fazenda com a elevação da inflação exigiriam uma resposta do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve o juro inalterado em 7,25% ao ano na reunião desta quarta-feira. Apesar de ter havido consenso entre analistas e economistas para a manutenção da Selic nesta última reunião, Kawall não está sozinho em enxergar um possível período de aperto nos próximos meses. Os economistas veem o fim do primeiro trimestre como o início das preocupações da equipe econômica do governo.

O mês de abril marca uma virada no calendário econômico. Com o encerramento do primeiro trimestre, já na primeira reunião do Copom, marcada para os dias 16 e 17 do próximo mês, será possível avaliar se as pressões sobre a inflação diminuíram – inclusive com a prévia em mãos dos primeiros dias do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial. Neste momento, a inflação está em 6,15% ao ano e segue pressionada. “O risco de a inflação de março ficar acima de 6,5% em 12 meses não é desprezível”, afirma Mônica de Bolle, da Galanto Consultoria. “Os dados prévios do início do mês já estão salgadinhos.”

Apesar de os dados indicarem uma necessidade de aumentar os juros para segurar a alta da inflação, o governo quer dar mais um tempo para a estabilização do índice. As apostas são no controle do dólar – apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negar. Desde o início do ano a moeda americana caiu para 1,95 real, reduzindo a pressão sobre o indicador. O desconto na conta de luz, que será pago com dinheiro do Tesouro Nacional, para empresas e consumidores residenciais deve começar a fazer efeito entre março e abril, aposta a equipe econômica. Se nada der certo, o governo quer utilizar a carta na manga da desoneração da cesta básica, que depende da votação do Orçamento, para reduzir o peso da alta dos alimentos. “A inflação recuará no segundo semestre do ano”, projeta Carlos Hamilton, diretor de Política Econômica do Banco Central.

Ao evitar mexer nos juros, o governo preserva a imagem de que o crescimento é prioridade. Uma taxa de juros mais alta tende a afastar investidores. Neste momento, o que o governo menos quer é afugentar investimento. A retomada de um ciclo de expansão da economia depende dos projetos de infraestrutura, que estão encontrando resistência entre os interessados no Brasil. Uma comitiva oficial viajou para a Europa e os Estados Unidos para atrair parceiros internacionais para as concessões de rodovias, ferrovias, aeroportos e portos. “A base do crescimento do PIB são os investimentos, mas o Brasil vive dos gastos das famílias e do governo”, diz Rodrigo Menon, sócio da Beta Advisors.

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O termômetro de que o debate sobre o aumento da Selic se intensificará nas próximas semanas é o comunicado da decisão desta quarta, em que o BC afirma que acompanhará “a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária”. Dentro de uma semana, quando a autoridade divulgar a ata da reunião do Copom, os analistas terão ainda mais subsídios para fazer suas projeções. Sérgio Vale, da MB Associados, arrisca a sua: “Devemos subir em 0,5 ponto porcentual para a próxima reunião”, afirmou.

A ansiedade do mercado está na tentativa de entender se a leniência da equipe econômica do governo em mexer na Selic vai, realmente, privilegiar a expansão da economia. Em abril, o Copom e o ministro Mantega vão enxergar se a atividade da economia reagiu a todos os estímulos oficias que começaram no segundo semestre do ano passado e continuaram no início de 2013. Se a economia permanecer nesse vai-não-vai, será preciso muita confiança – e otimismo – para evitar que este ano seja a repetição do disco quebrado do crescimento.

Leia ainda: PIB de 2012 confirma queda do Brasil no ranking das maiores economias

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