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Copom sobe novamente a taxa básica de juros e Selic encerra o ano em 9,25%

Comitê manteve grau de ajuste mesmo com cenário de recessão técnica e sinalizou subida de mais 1,5 ponto na próxima reunião; taxa começou 2021 em 2%

Por Luana Zanobia
Atualizado em 8 dez 2021, 20h32 - Publicado em 8 dez 2021, 18h41

Com o segundo recuo consecutivo no Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, configurando uma recessão técnica, surgiram dúvidas se o Banco Central cumpriria a sinalização de subir novamente em 1,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic). Apesar do desaquecimento da economia preocupar novos aumentos na taxa, o BC decidiu manter sua política contracionista e aumentou a Selic em 1,5 ponto percentual em sua última decisão do ano, nesta quarta-feira, 8. Assim, a taxa básica encerra 2021 em 9,25% ao ano, como já era previsto pelo mercado.

Essa é a sétima alta consecutiva no índice, que iniciou o ano em 2%, menor patamar histórico. O comunicado veio mais duro que o habitual com notável preocupação com a trajetória inflacionária, que tem se mostrado mais persistente que o esperado. O comitê, inclusive, já sinaliza uma nova alta de 1,5 ponto percentual para a próxima reunião. Assim, a taxa pode chegar em 10,75% já no início de 2022, encerrando em 11,25%.  O BC vem elevando consecutivamente a Selic para conter a escalada na inflação, que acumula alta de 10,67% em doze meses até novembro e deve encerrar o ano em 10,18%, de acordo com a expectativa do mercado financeiro. “O Copom considera que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista. O Comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, afirma a nota do colegiado.

Segundo Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, a mensagem é que o BC fará o possível para conter qualquer avanço mais expressivo da inflação. “O mercado projeta juros de 11,25% para o final de 2022, nos acreditamos que há espaço para chegar em ate 12%”, diz a economista.  Na avaliação de Davi Lelis, economista da Valor Investimento, a autoridade monetária busca elevar os juros para patamares positivos, quando a Selic supera o IPCA. Hoje a inflação está acima da taxa de juros.

Além da inflação, o BC sinaliza que o risco fiscal também teve peso determinante na decisão. “Questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mantendo a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico”, diz o comunicado. A deterioração do cenário fiscal com a quebra do teto de gastos e a PEC dos Precatórios intensificaram a necessidade de o BC aumentar o ritmo da alta nos últimos meses. Na penúltima reunião em outubro, o Copom fez a sua maior elevação do ano ao aumentar a taxa em 1,5 ponto percentual.  Nesta quarta-feira, o Congresso Nacional promulgou parte da PEC dos Precatórios, que muda a correção na regra do teto de gastos e era considerada fundamental para o pagamento do programa Auxílio Brasil, sucessor do Bolsa Família. 

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Apesar de bastante aguardado pelo mercado, o aumento dos juros tem diversas consequências. Uma delas é direta no desempenho da economia, já que a Selic mais alta encarece o custo de capital das empresas e contém o consumo. Há meses atrás, a aposta do mercado era de elevações ainda maiores, de 1,75 ponto percentual, mas segundo análise do Banco Ourinvest, as recentes e constantes revisões do crescimento para baixo contribuíram para que o Banco Central optasse por não aumentar o ritmo de ajuste da Selic neste momento. “A decisão de hoje é bastante difícil porque o Brasil está em recessão técnica, e o aumento de juros pode desestimular a atividade econômica acima do desejável”, diz Alexandre Brito, gestor da Finacap Investimentos. Segundo os especialistas, o mercado começa a precificar um corte na taxa de juros no segundo semestre de 2022, motivado também pelos dados de desaceleração da economia.

A projeção do PIB ao final do ano recuou para 4,71% e está próximo de zero em 2022, em 0,51%. O ritmo de crescimento deve se manter baixo até 2021, com leve retomada em 2024, de acordo com o Boletim Focus. Em relatório, a Genial Investimentos ainda não credita o recuo do terceiro trimestre aos efeitos da taxa de juros na economia, e pontua que “esse resultado fraco de atividade foi concentrado pelo desempenho ruim do setor agropecuário devido a fatores que não envolvem a política monetária”.

Mesmo com a desaceleração da economia, o pleito do mercado nesta última reunião do ano era pelo aumento da taxa de juros para conter a alta dos preços. A principal responsabilidade do BC é com o controle inflacionário. Com o IPCA já muito distante do centro para 2022, estimado em 5,02%, quando o centro é de 3,75% e o teto de 5,25%, o olhar do BC se volta agora para manter a inflação ancorada em 2023. “Embora ainda vislumbremos revisões pra cima no IPCA de 2022, se aproximando de 6%, acreditamos em uma desaceleração nessas correções em 2023”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

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Além disso, o BC deve acompanhar os rumos da política monetária nos Estados Unidos, que podem influenciar bastante o atual cenário econômico interno. O Federal Reserve (Fed), banco central americano, anunciou na última semana que vai iniciar o processo de tapering, redução gradual de compra de ativos. Atualmente, o Fed compra 120 bilhões de dólares em ativos, sendo 80 bilhões em treasuries e 40 bilhões em títulos atrelados a hipotecas. Inicialmente, a redução será de 10 bilhões de dólares para treasuries e 5 bilhões de dólares em títulos atrelados a hipotecas. Com o processo, crescem as expectativas de os Estados Unidos aumentar os juros por lá, ocasionando fuga de capital de países emergentes como o Brasil. Coso esse cenário se concretize, o Brasil fica ainda mais vulnerável a novas desvalorizações no real e maiores pressões inflacionárias.

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