O Banco Central iniciou nesta quinta-feira, 25, um movimento de sinais ao mercado sobre o que deve acontecer com a taxa básica de juros na próxima reunião, em abril. A mensagem está clara na ata divulgada hoje com os detalhes da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada no dia 17: se a decisão depender apenas da avaliação técnica dos diretores do Copom � sem levar em conta fatores extraordinários típicos de anos eleitorais � a taxa básica de juros deve subir.
Na ata divulgada nesta quinta, os diretores admitem que “houve consenso entre os membros do Comitê quanto à necessidade de se implementar um ajuste na taxa básica de juros”. O trecho 26 do documento justifica essa necessidade como forma de “conter o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a capacidade produtiva da economia, bem como para reforçar a ancoragem das expectativas de inflação”.
A tese é reforçada no trecho 30, quando o colegiado afirma que também houve consenso “quanto à necessidade de se adequar o ritmo do ajuste da taxa básica de juros à evolução do cenário inflacionário prospectivo, bem como ao correspondente balanço de riscos”.
Essa alteração no patamar do juro tem como objetivo “limitar os impactos causados pelo comportamento da inflação corrente sobre a dinâmica subjacente dos preços”.
Apesar dessas avaliações, a taxa Selic foi mantida em 8,75% ao ano na semana passada porque a maioria do grupo – cinco diretores – entenderam “ser mais prudente aguardar a evolução do cenário macroeconômico até a próxima reunião do Comitê”.
A explicação consta no parágrafo 27 do documento e afirma que o voto da maioria dos membros levou em conta “as informações disponíveis neste momento, aliadas ao fato de que já está em curso o processo de retirada dos estímulos introduzidos durante a crise”.
A ata destaca ainda que o resultado dos estímulos econômicos aplicados durante a crise financeira “serão parte importante” das próximas decisões sobre o rumo do juro básico da economia brasileira. “Os efeitos desses estímulos serão parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária, que devem assegurar a manutenção da convergência da inflação para a trajetória de metas em 2010 e 2011, serão tomadas”, cita o documento no parágrafo 29.
Os membros do Comitê lembram que foram aplicados “importantes estímulos fiscais e creditícios” na economia brasileira nos últimos trimestres e que esses fatores “deverão contribuir para a consolidação da retomada da atividade e, consequentemente, para a redução de qualquer margem residual de ociosidade dos fatores produtivos”.
Ainda entre os fatores que incentivam a demanda, os diretores do BC afirmam que “depois de breve contração, a demanda doméstica se recuperou, em grande parte graças aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a retomada do crédito”.
O Comitê também afirma que os três votos favoráveis à alta da Selic já neste mês foram sustentados pelas “projeções de inflação e o balanço de riscos”. No encontro encerrado na quarta-feira da semana passada (dia 17), o juro básico permaneceu em 8,75% por cinco votos a favor da manutenção e três votos pela alta de 0,50 ponto porcentual.
(Com Agência Estado)